“Tendo sempre como objetivo central os superiores interesses da população e a defesa intransigente da saúde dos cidadãos e dos seus direitos, foi decidida a não atribuição de vagas para a realização do internato desta especialidade, a iniciar em 2019”, refere o Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos num comunicado divulgado na quarta-feira à noite.
Aquela entidade sublinha que a decisão “não deverá ser confundida com a retirada da idoneidade formativa, que o serviço [de Otorrinolaringologia do Hospital de Santa Maria] continua a ter e que permite a continuidade da formação dos internos lá existentes”.
“Ou seja, limita-se apenas a não abrir vagas para novos internos de formação específica, e apenas para o próximo ano, dando assim tempo, a que, com serenidade e bom senso, se possam ultrapassar as dificuldades reconhecidas”, lê-se no comunicado.
Falta de condições exigíveis
Na terça-feira, o presidente do colégio de especialidade de Otorrinolaringologia da Ordem dos Médicos, Artur Condé, disse à Lusa que, “até nova avaliação”, está suspensa a idoneidade para formar novos internos de otorrino no Santa Maria, por não estarem reunidas as condições exigíveis.
A notícia tinha sido avançada nesse dia pelo Diário de Notícias, que teve acesso a um despacho da Ordem dos Médicos que indica que dentro de 12 meses será realizada uma nova avaliação.
Em julho do ano passado, o bastonário da Ordem dos Médicos tinha realizado uma visita ao serviço de otorrinolaringologia do hospital, concluindo que os internos estavam a dar consultas sozinhos, incluindo os que estavam no início do internato.
“Os internos têm consultas em nome deles que aparentemente asseguram sozinhos desde que entram em otorrinolaringologia", afirmou na altura o bastonário Miguel Guimarães à agência Lusa.
O serviço de otorrino do Santa Maria tem estado envolvido em polémica desde que, em 2016, foi nomeado Leonel Luís como diretor de serviço.
Em finais do ano passado, o Sindicato dos Médicos da Zona Sul apresentou uma denúncia no Ministério Público e autoridades de saúde contra o diretor do serviço de otorrinolaringologia, que acusa de irregularidades e perseguição.
Já este ano, o diretor do serviço entregou no Ministério Público uma queixa crime por difamação e denúncia caluniosa contra a direção do Sindicato dos Médicos da Zona Sul e contra cinco colegas otorrinolaringologistas.
Na queixa, a que a agência Lusa teve acesso, o diretor do serviço, Leonel Luís, considera que a direção do Sindicato dos Médicos da Zona Sul divulgou vários comunicados que “representam um atentado” ao seu bom nome, à sua honra e à sua imagem e credibilidade.
Em causa está o que o médico considera ser uma campanha difamatória do sindicato, que considerou ilícita a sua nomeação e deu a entender que o diretor do serviço foi nomeado “por ajuste direto”, sem ter qualificações suficientes e aludindo a “mecanismos clientelares e comissariado político” nalgumas situações no serviço de otorrino.
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