Sete chefes da equipa do serviço de urgência do Garcia de Orta apresentaram na segunda-feira demissão, justificando a decisão com a degradação das condições de trabalho e também com a excessiva lotação de doentes internados.

“Uma primeira questão que temos de resolver no Garcia de Orta diz respeito a resolver os casos sociais, ou seja as pessoas que não têm indicação clínica para estar a ocupar camas, e um segundo aspeto é resolver o caso dos doentes que têm indicação clínica para cuidados continuados e não para permanecerem nos hospitais”, afirmou Paulo Macedo, no final de uma visita ao Hospital de São João, no Porto.

De acordo com o ministro, existe “a possibilidade de resolver esta situação, entre hoje e o princípio da próxima semana, e também se for necessário, far-se-á o desvio de doentes para outros hospitais”.

Relativamente a recursos humanos, o ministro disse que “o hospital recrutou um conjunto muito importante de enfermeiros recentemente e está a aguardar a finalização de alguns concursos de especialidades hospitalares. Devem estar a terminar, nas próximas semanas, segundo o presidente do Conselho de Administração”.

“Há aqui aspetos que o Conselho da Administração está a resolver com o apoio da Administração Regional de Saúde [ARS], porque nós queremos que a situação fique normalizada”, sublinhou.

Paulo Macedo considerou que, “neste momento, há uma profunda consciencialização de que há uma necessidade de prestação de cuidados, de que os profissionais estão comprometidos e de que estão a ser disponibilizados mais meios”.

“Volto a lembrar que só para o Hospital Garcia de Orta, neste período de crise, disponibilizámos fundos, através de perdões de dívida, de aumentos de capital e de regularizações de dívidas, de mais de 140 milhões de euros. Deste montante, mais de cinco milhões de euros foram disponibilizados em dezembro de 2014 e serão disponibilizado mais cerca de 10 milhões”, referiu.

Para o ministro, a situação que se vive em muitas urgências hospitalares está relacionado com “um aumento de internamentos sem paralelo daquilo que foi no passado. Não temos um afluxo muitíssimo maior de pessoas às urgências, mas temos muito mais pessoas a ser internadas que exigem mais atenção e mais tempo”.

“Ou seja, isto é uma realidade no Garcia de Orta, do resto do país e também aqui do São João. Em alguns casos, hospitais que tinham percentagens de internamento de pessoas que iam às urgências de 8%, neste momento estão com cerca de 15%. Isto diz respeito aos idosos com múltiplas morbilidades, com gripe, mas sobretudo com uma grande componente de infeções respiratórias”, acrescentou.