Os sindicatos médicos temem que se repita este ano o atraso que se verificou com os médicos que terminaram a especialidade em 2017 e que esperaram mais de 10 meses para serem colocados, acabando alguns por desistir de esperar e abandonar o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Os sindicatos exigem a abertura imediata de concursos e avisam que a incerteza quanto ao calendário, bem como os atrasos, são um fator de saída de jovens médicos do SNS.

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Nos ofícios que o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) enviou aos ministérios da Saúde e das Finanças, a que a agência Lusa teve acesso, refere-se que “passou já mais de um mês desde a conclusão da época normal” da avaliação do internato médico e que os novos especialistas já têm título.

“Centenas de médicos recém-especialistas aguardam a abertura de concursos para colocação nos vários estabelecimentos do SNS, onde são notórias as carências de médicos em todas as especialidades”, refere o ofício do sindicato.

O SIM pretende a “abertura imediata” dos concursos, indicando que isso devia acontecer logo que estão homologadas as classificações finais dos recém-especialistas, o que aconteceu há três semanas.

“Reiteramos assim o apelo à abertura imediata dos concursos para a categoria de assistente das áreas hospitalar, de saúde pública e de medicina geral e familiar nos vários”, refere a carta.

Em causa estão, nesta primeira fase, concursos para colocar cerca de 800 jovens médicos hospitalares e 300 de medicina geral e familiar, segundo disse à agência Lusa o secretário-geral do SIM, Roque da Cunha.

Também a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) já veio alertar que atrasos na abertura de concursos ou incerteza sobre o calendário a seguir é “um forte motivo de saída de jovens médicos do SNS”.

“Os recém-especialistas já viram homologado o seu título de especialista e estão aptos para contratação. Assumida a necessidade de especialistas em determinadas áreas, não se percebe a ausência de abertura de procedimento concursal”, refere a FNAM numa nota publicada no seu site.

No ano passado, os concursos para os cerca de 700 recém-especialistas hospitalares e de saúde pública que concluíram então a especialidade demorou mais de 10 meses a ser aberto, uma situação que a Ordem dos Médicos chegou a classificar como "vergonha nacional".