O cancro não corresponde a uma doença, mas a centenas de doenças diferentes, com comportamentos próprios e prognósticos diferentes. Cada célula do organismo humano pode dar origem a um cancro e a grande variedade celular existente conduz a um enorme espectro de doenças a que globalmente chamamos cancro.
Os Sarcomas são uma forma de cancro com origem nas células mesenquimatosas. Estas células são responsáveis pela formação dos tecidos de suporte do nosso organismo, como a gordura, o músculo, o osso, a cartilagem, entre outros. Assim, os Sarcomas correspondem aos cancros dos tecidos de suporte.
Este tipo de cancro tem como única arma terapêutica a cirurgia.
Para não comprometer uma eventual cura é fundamental ter em conta alguns fatores.
Em primeiro lugar, quanto mais precoce for o diagnóstico maior será a probabilidade de cura. Não nos podemos esquecer que os Sarcomas são um cancro raro, correspondendo a 1% de todos os tumores da idade adulta. Como tal, o índice de suspeição é fundamental para um diagnóstico atempado. Todo e qualquer nódulo palpável, em qualquer localização, com mais de 5 cm (tamanho de uma bola de golfe), de crescimento rápido ou sintomático deverá ser avaliado por um profissional de saúde com experiência na área.
Em segundo lugar devemos ter um diagnóstico seguro deste cancro antes de iniciar qualquer tratamento. As lesões com as características acima descritas deverão ser avaliadas por métodos de imagem (ecografia, tomografia computorizada, ressonância magnética), e caso se confirme a suspeita, deverá ser realizada uma biópsia (efetuada com uma agulha própria para o procedimento e guiada por métodos de imagem, nunca uma biopsia cirúrgica e/ou não controlada por imagem).
Em terceiro lugar o tratamento, com especial destaque para a cirurgia, por ser o único tratamento eficaz neste grupo de cancros, deverá ser efectuado por profissionais dedicados e em instituições com experiência nestes tumores.
Os Sarcomas subdividem-se em mais de 80 tipos de cancros diferentes, sendo a sua abordagem terapêutica dependente desse subtipo. Uma má abordagem terapêutica inicial pode comprometer irremediavelmente uma estratégia que poderia ter sido curativa.
Em quarto lugar, a avaliação destes doentes deverá ser realizada em Reunião Multidisciplinar. Em qualquer cancro, não sendo os sarcomas excepção, todo o tipo de decisões sobre tratamentos deverão ser tomadas, não por um médico isolado, mas por um grupo de médicos em que estejam representadas todas as especialidades envolvidas no tratamento dessa doença, por forma a assegurar que este seja o mais adequado, bem como toda a logística e intervalos de tempo apropriados em caso de tratamento multimodal (que envolvam várias especialidades).
Por ser um cancro raro e, na atualidade, o único tratamento potencialmente curativo ser a cirurgia, temos de garantir um diagnóstico correto, uma decisão terapêutica certeira e uma execução desse mesmo tratamento irrepreensível.
Só dessa maneira poderemos disponibilizar aos nossos doentes as melhores probabilidades de cura.
Um artigo do médico Hugo Vasques, Cirurgião Geral no Hospital CUF Descobertas - CUF Oncologia.
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