À Fundação Rui Osório de Castro, a farmacêutica referiu que as notícias da saída do medicamento do mercado são verdadeiras, e que a decisão se deve a “um processo habitual no ciclo de vida dos medicamentos que, como é o caso do Bactrim, já estão no mercado há vários anos (desde 1969) e para os quais já existem alternativas terapêuticas”.

Foi apenas durante o processo que a Roche teve conhecimento de que para “um grupo especial de doentes, a formulação em xarope é fundamental no seu tratamento e não existe atualmente alternativa disponível no mercado português”.

Esse grupo é composto maioritariamente por “crianças imunodeprimidas geralmente no contexto de terapêuticas oncológicas ou portadoras de VIH, em que o Bactrim é usado para a profilaxia de determinadas infeções”.

Tendo em conta este facto, a farmacêutica à Fundação garantiu que irá assegurar “a continuidade do fornecimento do Bactrim xarope aos hospitais onde estas crianças são tratadas, devendo a situação estar regularizada a partir da próxima quarta-feira, 2 de Maio, […] enquanto não houver uma solução alternativa no mercado”.

Para além disso, a Roche disse estar empenhada “em trabalhar para que situações semelhantes não venham a ocorrer no futuro”.

Na notícia dada pelo Expresso era dito que o xarope Bactrim, um antibiótico que ajuda no tratamento de crianças imunodeprimidas, como as com cancro ou VIH, e que é utilizado em, pelo menos 400 crianças em Portugal, seria descontinuado devido a “um processo de transferência para outra farmacêutica”.

O Infarmed reagiu à notícia garantindo ter avançado “de imediato com a concessão de Autorizações de Utilização Excecional (AUE) a todos os hospitais que submeteram esses pedidos, e continuará a autorizá-los sempre que for solicitado".

A Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde afirmou em comunicado que se prontificava a, caso fosse necessário, “importar este medicamento de outro país europeu em quantidades suficientes para dar resposta a curto prazo aos doentes imunodeprimidos (prioritariamente) e sem custos para os hospitais".

A notícia que dava conta da descontinuidade do produto apanhou de surpresa pais e médicos que consideram este medicamento “essencial e indispensável”.

“Não fomos avisados. Ia prescrever e apercebi-me, no sistema informático de receitas, que tinha sido descontinuado”, disse Nuno Miranda, coordenador do Plano Nacional de Prevenção das Doenças Oncológicas, ao jornal Expresso.

Também Filomena Pereira, diretora de Pediatria do IPO de Lisboa, defendeu que este fármaco é “fundamental” para as crianças. A médica contou ainda que, preocupados com a notícia, alguns pais já têm ido até às farmácias para comprarem a maior quantidade possível do Bactrim.

Fonte: PIPOP