
"O mercado global de contentores move-se cada vez mais pelo mundo. Fazer chegar um contentor a qualquer parte do planeta é muito simples e tem um risco mínimo. Pode ser levado para qualquer parte com qualquer mercadoria e uma técnica cada vez mais comum é o "gancho cego", onde empresas legais são infiltradas por organizações criminosas que abrem os contentores e lá inserem a droga para a fazer chegar ao destino", disse o inspetor-chefe do Corpo Nacional de Polícia de Espanha, Marcos Alvar.
Marcos Alvar, que coordena o projeto de cooperação policial Ameripol-UE, falava hoje aos jornalistas à margem do seminário sobre cooperação policial na luta contra o tráfico de droga, que decorre até sexta-feira, na cidade da Praia, Cabo Verde.
A prevalência do consumo de drogas continua estável em todo o mundo, de acordo com o Relatório Mundial sobre Drogas de 2015 das Nações Unidas, apesar dos esforços internacionais para combater o consumo de estupefacientes.
Seminário em Cabo Verde
O seminário reúne representantes das polícias e chefes de portos e aeroportos de países da América Latina, África Ocidental e União Europeia, com o objetivo de partilharem as boas práticas na luta contra o tráfico de droga.
Segundo Marcos Alvar, no contexto do combate a esta tendência crescente no tráfico de droga internacional, as ilhas Canárias e de Cabo Verde "são extremamente importantes devido à sua posição estratégica".
"Há uma linha muito direta através de barcos e veleiros e as associações criminosas visam cada vez mais minimizar os riscos", disse, lembrando que o tráfico através de barcos e veleiros que chegavam às costas portuguesas e espanholas foi fortemente combatido, obrigado as redes criminosas a procurar alternativas.
"Há certas ilhas, espanholas e de origem portuguesa, que têm posições muito interessantes para que essa mercadoria possa ser desviada por outros meios. Pode chegar num barco ou veleiro e depois ser enviada para a Europa por contentor", disse.
"As organizações criminosas procuram ampliar o seu mercado global e aproveitar-se de países estratégicos e, neste caso, as ilhas, têm uma posição tremendamente importante", acrescentou.
A cooperação policial na luta contra o tráfico de droga na rota africana é o tema de um seminário, organizado no âmbito do Programa Rota da Cocaína, lançado em 2009 por iniciativa da UE, que conta com um financiamento europeu de cerca 50 milhões de euros e abrange 38 países da América Latina, das Caraíbas e da Africa Ocidental. Portugal está representado neste seminário, que termina na sexta-feira, por três elementos da Polícia Judiciária.
Estima-se que um total de 246 milhões de pessoas - cerca de 5% da população mundial com idades entre os 15 e 64 anos - tenha consumido drogas ilícitas em 2013.
Cerca de 27 milhões de pessoas consomem drogas consideradas problemáticas, das quais metade são injetáveis.
Estima-se ainda que 1,65 milhões de pessoas que injetam drogas têm VIH. O mesmo relatório indica que is homens são três vezes mais propensos ao uso de canábis, cocaína e anfetaminas, enquanto que as mulheres são mais propensas ao consumo nocivo de opióides de prescrição e tranquilizantes.
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