Segundo os dados do Registo Português de Anafilaxia, entre 2007 e 2017, a alergia ao veneno de abelha foi responsável por mais de 5% de todos os casos de anafilaxia (reação alérgica grave), tendo sido a terceira causa mais frequente de anafilaxia, depois dos alimentos e medicamentos. Estima-se ainda que a reação alérgica grave ao veneno de himenópteros seja responsável por cerca de 20% das mortes por anafilaxia.

“A anafilaxia manifesta-se habitualmente por uma combinação de reações na pele (urticária, angioedema), gastrointestinais (vómitos, dores abdominais intensas), respiratórias (aperto na garganta, falta de ar, pieira) e cardiovasculares (hipotensão, tonturas, desmaio) com início imediato após a picada e que pode ser fatal. Mais de metade dos doentes com anafilaxia ao veneno de abelha apresentam anafilaxia grave com alterações cardiovasculares”, explicam Natacha Santos e Maria Luís Marques, do Grupo de Interesse de Anafilaxia e Doenças Imunoalérgicas Fatais da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC).

"Atualmente, as reações alérgicas por picada de himenópteros representarem um problema de saúde sério", acrescenta.

Para as imunoalergologistas, uma vez que a picada das abelhas pode ser fatal, é “importante estar alerta e saber reconhecer estes casos para se poder atuar o mais rapidamente possível, seja no tratamento do episódio agudo, seja na orientação do doente de forma a evitar novos episódios de reações graves”.

Como agir em caso de picada?

As especialistas referem ainda como deve o doente alérgico agir em caso de picada: no caso de uma reação local (inchaço e vermelhidão no local da picada), o doente deverá lavar bem a zona com água e sabão, aplicar gelo e poderá ser necessária administração de medicação, como anti-histamínicos ou corticoides tópicos ou orais para alívio sintomático.

No caso de uma reação sistémica, se for o primeiro episódio, o doente deverá ligar de imediato para o 112 e dizer que foi picado e que está a desenvolver uma alergia grave/anafilaxia. Os doentes alérgicos que já tenham sido avaliados em consulta e em que tenha sido diagnosticada anafilaxia, deverão fazer-se sempre acompanhar pelas suas canetas de adrenalina e estas deverão ser administradas o mais rapidamente possível. Posteriormente, o doente deverá ligar para o 112 e reportar a ocorrência para ser avaliado a nível hospitalar.