A posição da Quercus surge depois de ter sido iniciada, na segunda-feira, a remoção dos resíduos, nomeadamente plástico prensado, que a empresa Mirapapel acumulou em armazéns do complexo e que se tornaram mediáticos depois de dois incêndios em 2013 e 2016.

A associação ambientalista lamenta, em comunicado, a demora de cinco anos para dar início à remoção assumida pelas Câmaras de Mirandela e Vila Flor, as gestoras do complexo do Cachão, e financiada em 265 mil euros pelo Fundo Ambiental.

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“A Quercus considera que cinco anos foi muito tempo para resolver o problema”, refere, apontando que os resíduos são de origens muito diversas e que “a parte atingida pelos dois incêndios foram os fardos de plástico já separados, ou seja, um derivado de petróleo, que quando entra em combustão liberta emissões tóxicas para o ambiente, mas também para a saúde das populações expostas”.

Segundo descreve, entre as substâncias perigosas “poderão ser libertadas dioxinas e furanos - ou mesmo dióxido de carbono, que contribui para o efeito de estufa e as alterações climáticas” -, que poderão “ter contribuído para a má qualidade do ar, o mesmo que foi inalado pelas populações” durante a combustão que durou vários dias, consequência dos dois incêndios.

A Quercus considera que “o assunto ficaria definitivamente resolvido com um rastreio médico preventivo à população que esteve exposta durante estas semanas a estas emissões poluentes”.

A demora na remoção dos resíduos mostra, para a Quercus, “como a burocracia dos processos prolonga por muito tempo situações que merecem uma atuação imediata”.

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“Por outro lado, a Quercus salienta a importância de manusear os resíduos carbonizados de forma adequada e que aos mesmos seja atribuído o destino final licenciado, para evitar desviar o problema de um local para outro”, acrescenta.

As Câmaras tiveram de se substituir neste processo à empresa privada, que alegou não ter condições financeiras para a remoção dos resíduos.

A operação começou na segunda-feira com um prazo de execução de 120 dias, ou seja quatro meses, a cargo da empresa Ferrovial, que explicou que os lixos serão depositados no centro de valorização ambiental de Famalicão, propriedade da mesma.

As autarquias avançaram que depois será analisada a questão jurídica relativamente à possibilidade de o Estado ser ressarcido dos custos, vincando que a prioridade é resolver o problema e avançar com a requalificação ambiental para dinamizar o complexo.

O Cachão já foi um dos maiores centros económicos da região, com o antigo complexo agroindustrial, agora sociedade Agro Industrial do Nordeste (AIN), a empregar mais de mil pessoas e a receber para transformação e comercialização a produção agrícola do Nordeste Transmontano.

Na década de 1980 entrou em decadência o projeto agrícola daquele que foi considerado o “pai” da agricultura transmontana, o engenheiro Camilo Mendonça, até que as câmaras de Mirandela e Vila Flor assumiram a gestão com vista à revitalização.