Em cerca de 60% a 70% dos doentes com cancro do pulmão o diagnóstico faz-se numa fase avançada o que condiciona opções terapêuticas mais eficazes com uma consequente redução da sobrevivência.

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"Quando o tumor é diagnosticado numa fase precoce a cirurgia com intenção curativa é a terapêutica de eleição. Para esses estadios iniciais, a sobrevivência aos cinco anos ultrapassa os 50%, versus o diagnóstico já em fase avançada, com sobrevivências aos 5 anos inferiores a 5%", esclarece Fernando Barata, especialista em Pneumologia.

É, por isso, determinante estar atento aos sintomas. Tosse, expetoração, falta de ar são alguns dos mais comuns, mas é a expetoração raiada de sangue o sintoma mais alarmante para os doentes e aquele que os costuma levar ao médico.

Se a tosse perdura ao longo do tempo, esta deve levar o doente ao seu médico de medicina geral e familiar

Já a tosse, esclarece o especialista, muitas vezes atribuída ao tabaco ou a causas ambientais, não é valorizada, erradamente, como sinal de alarme. "Aqui, o que é importante é alertar para a persistência do sintoma. Se a tosse perdura ao longo do tempo, esta deve levar o doente ao seu médico de medicina geral e familiar", adverte o médico.

Quase 70% dos diagnósticos de cancro do pulmão acontecem tarde demais. Porque é silencioso

Não só a população em geral está mais informada sobre o tema, como se tem assistido também a um reforço da investigação sobre esta doença, sobretudo nas suas formas mais graves. "Os últimos anos foram de revolução em relação à investigação sobre o cancro do pulmão. A imunoterapia e a terapia-alvo foram passos importantíssimos. A quantidade de novos fármacos de elevada eficácia e baixa toxicidade constitui uma verdadeira revolução", reforça o médico.

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Ainda assim, é preciso mais. A implementação de um programa de rastreio para o cancro do pulmão, tal como já acontece com outros tumores, pode vir a ser uma forma de conseguir um diagnóstico e uma intervenção terapêutica mais precoce com consequente redução na mortalidade por este flagelo. Um caminho que Fernando Barata acredita que fará parte de um futuro não muito distante.

"Nos próximos anos temos que definir quem rastrear, qual o melhor método de rastreio e criar a nível nacional toda uma estrutura para o implementar", diz em comunidado.

Por isso, e enquanto este não é uma realidade, o especialista aproveita este mês de sensibilização para a doença para reforçar a mensagem que considera mais importante: a aposta numa redução dos fatores de risco. "Aqui, refiro-me ao tabaco em todas as suas formas, em que se inclui o tabaco aquecido e o eletrónico. É importante que as pessoas que fumam deixem de o fazer e aqueles que nunca o fizeram se mantenham assim", conclui.