“Já não se trata só de uma negociação entre os sindicatos dos médicos e o Ministério da Saúde. Trata-se de uma questão de vida ou morte. Exigimos que o ministro da Saúde seja, por uma vez, um homem de palavra e resolva os problemas que o Serviço Nacional de Saúde [SNS] enfrenta. Isto é urgente”, disse o presidente da Comissão Política Distrital de Viana do Castelo do PSD, Olegário Gonçalves, em conferência de imprensa.

O responsável pediu ao Governo uma “resposta rápida, uma solução e não um remendo como habitualmente dita para o território do Alto Minho”.

“Estamos a chegar a um ponto de rutura no SNS e todos devemos estar muito preocupados com esta situação. O PSD Alto Minho, juntamente com as concelhias do partido, decidiu realizar esta conferência de imprensa para pedirmos de forma unânime a atenção do Governo para esta situação”, observou.

O PSD diz que, “perante a degradação dos serviços, os cancelamentos de consulta, exames e cirurgias, a falta de profissionais e a falta de resposta dos serviços de urgência à população do Alto Minho”, não pode “aceitar, de forma alguma, que a situação ainda se venha a agravar mais a partir do dia 01 de novembro”.

“Aquilo que estamos a presenciar é uma degradação profunda, que não vai acabar bem para todos aqueles que dependem do SNS”, alertou.

A partir de quarta-feira, “se alguém tiver um acidente e que precise de uma intervenção cirúrgica, terá que ser transportado para o Hospital de Guimarães ou para o [hospital de] São João [no Porto]”, afirmou o social-democrata.

“Agora imaginem alguém do concelho de Melgaço, com um dos tantos problemas aos quais a urgência de Viana do Castelo e a de Ponte de Lima não conseguem responder, a ter que seguir viagem para uma destas duas urgências. Mas, para piorar o cenário, saibam que serão também estas duas urgências a receber doentes de Braga, Famalicão, Barcelos, Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Esposende. Imaginemos o caos e a pressão a que estes serviços estarão sujeitos”, vincou.

O social-democrata chamou ainda a atenção para “a quantidade de ambulâncias que estarão em circulação nas estradas, paradas às portas destas duas urgências, à espera de conseguirem deixar os doentes”.

“Imaginem o tempo que vai ser necessário para conseguirem terminar o serviço e regressarem aos quartéis de bombeiros por todo o nosso distrito… o que ainda pode acontecer é ficarmos sem ambulâncias disponíveis para prestar socorro em caso de necessidade”, disse.

O social-democrata destacou que as urgências do distrito de Viana do Castelo “estão a trabalhar com equipas reduzidas e em causa está o socorro aos doentes”, para além de existirem “cirurgias oncológicas a ser canceladas”.

“Será que a população sabe que se precisarem de ser avaliados por um cirurgião terão que ser transferidos para Guimarães [distrito de Braga] ou para o São João, no Porto?”, questionou.

De acordo com a distrital do PSD, para o serviço de Obstetrícia se manter aberto, “está a cancelar consultas e a suspender exames a grávidas, que são obrigatórios”.

As negociações entre o Ministério da Saúde e o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) iniciaram-se em 2022, mas a falta de acordo tem agudizado a luta dos médicos, com greves e declarações de escusa ao trabalho extraordinário além das 150 horas anuais obrigatórias, o que tem provocado constrangimentos e fecho de serviços de urgência em hospitais de todo o país.

Esta situação levou o diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, a avisar que se os médicos não chegarem a acordo com o Governo, novembro poderá ser o pior mês em 44 anos de SNS.