“Valeu a pena (…). O mais interessante foi falar com os artistas - os que vivem com doença mental e com uma capacidade artística muito interessante – e ver a forma como trabalham e como transmitem o que os inquieta e as suas emoções para os seus trabalhos”, disse a Marta Temido.

A governante visitou hoje o projeto Manicómio, o primeiro espaço de criação de Arte Bruta em Portugal, no Beato (Lisboa), falou com alguns artistas deste espaço, que funciona também como ‘coworking’.

O projeto foi fundado pela associação P28, que dinamiza o pavilhão 31 no Hospital Psiquiátrico de Lisboa e que foi agraciada com a distinção de mérito do Ministério da Saúde por serviços únicos e exemplares prestados ao Serviço Nacional de Saúde e ao país, no âmbito da promoção e prevenção da doença.

As fotos do projeto

Marta Temido enalteceu a força de vontade e capacidade criativa dos responsáveis pelo espaço, sublinhado que este é um projeto “que interessa seguir e ajudar a desenvolver”.

Em declarações à agência Lusa, Sandro Resende, que lidera o P31, no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, um espaço de expressão artística e reabilitação, sublinhou a importância do projeto Manicómio, sobretudo no acompanhamento destas pessoas e na diluição do estigma para com as doenças mentais.

“Era importante que o espaço tivesse esta mistura com outras pessoas, para a diluição do estigma da doença mental. Aqui ninguém aponta dedo a ninguém”, afirmou, sobre o projeto Manicómio, onde 10 artistas expressam livremente a sua arte, na pintura, desenho, cerâmica ou escultura.

“Nas instituições que obrigam a horários fixos o artista não esta confortável. Aqui é obrigatório não ter horário, o que permite comprometimento para trabalharem de forma autêntica e honesta”, reforçou.

O responsável explicou que os artistas, que ali podem estar até “poderem voar sozinhos”, recebem bolsa de estudo, refeições e transporte pago, além de apoio médico, caso precisem.

“Trabalhamos também com empresas e os lucros são divididos por ambos”, acrescentou.

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Sandro Resende explicou ainda que o projeto vai lançar uma revista, em setembro, em diversas línguas, e que pretende abrir um novo espaço “para não cair no erro de ter muitos artistas e isto tornar-se num hospital”.

“Queremos manter esta colaboração e parceria com ‘coworking’”, disse o responsável, acrescentando que o projeto tem recebido visitas de técnicos de diversas instituições, durante as quais tenta mostrar “como é fácil criar um espaço onde o estigma não está presente”.

Sandro diz que recebe cinco a 10 pedidos por dia a que não consegue dar resposta – “para poder acompanhar cada um dos artistas diariamente” – e sublinha que o objetivo é que os artistas que acompanham “possam voar sozinhos”.

O projeto Manicómio, conta com o apoio do Turismo de Portugal, instituições de saúde, juntas de freguesias de Lisboa e câmara municipal e surge num momento em que um quinto da população portuguesa sofre de doenças mentais, segundo o relatório Health at a Glance 2018, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico.