O prémio foi atribuído ao investigador norte-americano Michael Redmond, que descobriu uma terapia genética para a amaurose congénita de Leber, uma forma de cegueira infantil, e à equipa que a desenvolveu, formada por Jean Bennett, Albert Maguire, Robin Ali, James Bainbridge, Samuel Jacobson e William Hauswirth.

“Estamos a fazer uma coisa muito simples chamada terapia genética”, explicaram dois dos investigadores premiados em entrevista à agência Lusa.

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Parceiros de laboratório e casados há muitos anos, os norte-americanos Jean Bennett e Albert Maguire referiram que a ideia é “muito simples”, mas “são precisos muitos passos para fazer com que funcione”.

A terapia consiste basicamente em “substituir um gene danificado por um gene normal”, afirmou Albert Maguire, adiantando que a equipa conseguiu “usar um vírus, que não causa nenhuma doença, para levar o gene normal às células nervosas”.

Com isto, pessoas que nasceram cegas “passam a conseguir andar de bicicleta, andar sozinhas, sair à rua à noite, coisas que anteriormente não conseguiam fazer”, sublinhou.

Segundo a organização, a descoberta constitui a primeira terapia genética que consegue curar uma doença hereditária e abre caminho para o desenvolvimento de terapias genéticas para tratamento de doenças hereditárias.

Os vencedores do Prémio Champalimaud de Visão 2018, (E-D) Samuel Jacobson, Jean Bennett, Albert Maguire, T. Michael Redmond, Robin Ali e James Bainbridge créditos: JOSE SENA GOULAO/LUSA

O trabalho baseou-se na clonagem de um gene e pelo reconhecimento do seu papel no metabolismo da vitamina A para a visão. Essa clonagem permitiu a reposição do gene no olho, o que restaura a visão.

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Prémio Champalimaud, o maior do mundo na área

Lançado pela Fundação Champalimaud em 2006, o Prémio António Champalimaud de Visão é considerado o maior do mundo na área.

Nos anos ímpares, o prémio reconhece investigações inovadoras para combate à cegueira e doenças de visão, principalmente em países em vias de desenvolvimento.

Nos anos pares, como é o caso de 2018, o prémio é atribuído a pesquisas científicas de grande alcance na área da visão.

O júri integra cientistas e personalidades internacionais, tendo, este ano, sido composto pelo Nobel da Medicina em 1987, Susumu Tonegawa, pelo presidente da Academia Internacional de Oftalmologia, Gullapalli Rao, o diretor do Instituto norte-americano dos Olhos, Paul Sieving, os oftalmologistas Alfred Sommer e José Cunha-Vaz, os neurocientistas Carla Shatz e Mark Bear, o neurologista Joshua Sanes, o ex-presidente da Comissão Europeia Jacques Delors, a ativista dos direitos humanos moçambicana Graça Machel e o economista Armatya Sem.