Perto de 800 mil pessoas suicidam-se todos os anos, o que significa uma pessoa a cada quarenta segundos, de acordo com os dados publicados hoje no site da OMS, que defendeu que a comunicação social deve noticiar estas mortes de forma responsável. “O suicídio é a segunda principal causa de morte entre os 15 e os 29 anos, globalmente”, diz a OMS.

A OMS diz também que a Europa foi a região do mundo com a mais alta taxa de suicídio (14,1 por cada cem mil habitantes), à frente de África (8,8), Américas (9,6), Sudeste asiático (12,9), Mediterrâneo Oriental (3,8) ou Pacífico Ocidental (10,8).

Dentro da região Europa, Portugal está ligeiramente abaixo da média europeia mas acima da média global, tendo registado, em 2015, uma taxa de 13,7 mortes por suicídio por cada cem mil habitantes, o que significa, tendo em conta os cerca de dez milhões de habitantes, que cerca de 1.370 pessoas ter-se-ão suicidado.

De acordo com a organização, o suicídio é um fenómeno global, apontando que, em 2015, 78% dos casos ocorreu em países com baixos e médios rendimentos. “O suicídio correspondeu a 1,4% de todas as mortes a nível mundial, tornando-o na 17.ª principal causa de morte em 2015. Os indicadores revelam que por cada adulto que morre por suicídio, haverá mais de 20 tentativas”, diz a OMS.

Responsabilidade dos jornalistas

A propósito destes números e tendo em conta que no próximo domingo se assinala o Dia Internacional da Prevenção do Suicídio, a OMS aproveitou para atualizar o seu guia com recomendações para os órgãos de comunicação social. Em conferência de imprensa, citada pela agência espanhola EFE, Alexandra Fleischmann, do Departamento de Saúde Mental e Abuso de Substancias, apontou que a OMS considera que os jornalistas podem “melhorar ou dificultar os esforços de prevenção”, apontando que os meios de comunicação social têm um papel importante no momento de informar de forma responsável as mortes por suicídio.

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Para a responsável, é importante trabalhar a prevenção com os meios de comunicação social e não só falar do que podem ou não fazer, para que os jornalistas transmitam a mensagem de que o suicídio não é um tabu e que “pode-se falar dele e procurar ajuda”.

O guia da OMS recomenda que se forneçam dados corretos sobre onde se pode procurar e encontrar ajuda, dar a conhecer histórias pessoais sobre como fazer frente a situações difíceis da vida ou a pensamentos suicídas e ter uma especial precaução quando se noticia suicídios de pessoas famosas.

A OMS também recomenda que haja cuidado na hora de entrevistar familiares ou pessoas próximas de alguém que se suicidou, já que podem ser boas fontes sobre como educar outros sobre as realidades destas mortes, não esquecendo que estão numa situação de dor que se deve respeitar.

O guia pede aos meios impressos e digitais que não coloquem em destaque nas suas páginas as notícias sobre suicídios e às televisões e rádios que não abram os seus blocos informativos com este tipo de informação.

Além disso, a OMS considera que os jornalistas não devem usar uma linguagem sensacionalista ou que banalize o suicídio, nem que o mostre como uma solução para possíveis problemas.

Defende também que é melhor não descrever explicitamente o método usado para cometer o suicídio nem o local da morte, acrescentando que deveria evitar-se o uso de fotografias, vídeos ou links digitais.

Alexandra Fleischmann apontou ainda que os principais fatores de risco para o suicídio são a depressão e as desordens associadas ao consumo de álcool, as drogas, a violência, os traumas, as perdas e situações de conflito, bem como o ‘bullying’ escolar.