"É um exemplo alarmante de um jogador em perigo. Amrabat voltou à ação cedo demais, segundo as diretrizes médicas", protesta a FIFPro num comunicado enviado à agência de notícias France Presse.

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"Quatro anos depois do desastre que foi o último Campeonato do Mundo, onde muitos jogadores não receberam o atendimento adequado, o futebol não progrediu o suficiente na gestão das concussões cerebrais", denuncia o sindicato.

Treinador diz que não é médico

O marroquino Amrabat viu-se obrigado a deixar o campo aos 27 minutos da segunda parte do jogo de sexta-feira (15/06) depois de chocar contra um adversário no jogo que culminou com uma derrota por 1-0 frente ao Irão. No início, o médico marroquino deu algumas bofetadas na cara do jogador, para o despertar, o que provocou uma chuva de críticas nas redes sociais.

O que é uma concussão cerebral?

Uma concussão cerebral resulta de um traumatismo craniano que produz forças rotacionais bruscas ou pequenos impactos no cérebro.

Estas dão origem a alterações neurológicas temporárias, como perda de memória, confusão, desorientação, desequilíbrio ou sonolência.

Essas alterações, geralmente, duram poucos segundos ou alguns minutos, dependendo do grau das lesões.

No entanto, o médico da seleção de Marrocos, Abderazzak El Hifti, assegurou na terça-feira que "respeitou cada ponto" das recomendações médicas da Federação Internacional de Futebol (FIFA). "Recebemos uma carta da FIFA que nos lembrava as recomendações a seguir (...) e respeitámos cada ponto, a nossa intervenção foi correta", defendeu o médico num vídeo enviado à imprensa pela Federação Marroquina.

Depois do jogo, Amrabat passou a noite em observação num hospital de São Petersburgo. O técnico da seleção marroquina descartou, no sábado seguinte, a possibilidade do jogador enfrentar Portugal no jogo seguinte, marcado para a passada quarta-feira em Moscovo (20/06).

Mas Amrabat voltou ao campo na derrota por 1-0 frente a Portugal. No jogo, surgiu com uma proteção para a cabeça, que tirou durante o jogo. "Amrabat é um guerreiro, quis jogar, usou uma proteção durante o jogo, o seu espírito é incrível e estou feliz por ter um jogador assim", afirmou o seu treinador, o francês Hervé Renard, depois da disputa.

"Não sou médico, os relatórios médicos são lidos por pessoas competentes, eu não sou, logo eles assumem as suas responsabilidades e o jogador também assume as suas responsabilidades", acrescentou ainda Renard.

Também durante este campeonato do mundo, o peruano Renato Tapia recebeu uma pancada na cabeça no sábado, na derrota por 1-0 com a Dinamarca. No domingo, o jogador do Feyenoord declarou nas redes sociais: "não me lembro de nada do que aconteceu. Apenas que era um dia especial e que amo ainda mais o meu país".

De acordo com um protocolo aprovado pela FIFA depois do Campeonato do Brasil, em 2014, marcada em particular pela concussão cerebral sofrida pelo alemão Christoph Kramer, o árbitro passou a ter o poder de interromper um jogo "até três minutos" nos casos de suspeita de concussão cerebral.

"O árbitro não pode permitir que um jogador lesionado continue a jogar até receber a permissão do médico da equipa, que terá a última palavra", disse a federação internacional.

Por Philippe Grelard, jornalista da AFP, em Moscovo