As análises apontam para uma elevada disparidade na percentagem de cesarianas, sobretudo entre países desenvolvidos e em desenvolvimento e regiões menos desenvolvidos. Aliás, os estudos indicam que há cerca de 60% dos países do mundo que têm uma sobre utilização das cesarianas enquanto 25% têm uma subutilização, sugerindo “significativas disparidades” às recomendações médicas.

As recomendações internacionais apontam para as cesarianas devam ficar entre 10% a 15% dos partos.

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Portugal com excesso de cesarianas

A taxa de cesarianas em Portugal tem ultrapassado largamente estas recomendações, situando-se pelo menos desde 2005 sempre acima dos 30%. Nos 15 anos analisados, entre 2000 e 2015, Portugal passou de uma taxa de cesarianas de 27% para 32,3%, mas chegou a ultrapassar os 35% no ano 2011.

De acordo com a análise da The Lancet há pelo menos 15 países no mundo em que a taxa de cesarianas está acima dos 40%, grande parte deles na América do Sul.

Brasil, Venezuela, Chile, Paraguai, Cuba ou Colômbia estão entre os países com mais de 40% de cesarianas, tal como Egito, Turquia ou Irão.

O estudo sublinha que a cesariana é uma intervenção que pode ser essencial para salvar a vida da mulher ou do bebé quando ocorrem complicações, mas que é uma cirurgia com riscos e que pode potenciar complicações em futuros partos.

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“A gravidez e o parto são processos normais, que ocorrem de forma segura na maioria dos casos. O grande aumento de cesarianas – sobretudo em países mais ricos e por razões não médicas – é preocupante porque está associado a riscos para a mulher e para a criança”, indica a investigadora principal destes estudos, Marlenn Temmerman.

Esta investigação analisou dados de 169 países a partir de informações da Organização Mundial da Saúde e da UNICEF. Globalmente, as cesarianas cresceram a um ritmo de 3% ao ano entre 2000 e 2015.

O suposto recurso abusivo à cesariana acontece sobretudo na América do Norte, na América Latina e Caraíbas e na Europa Ocidental.

Os autores consideram que é necessário reduzir estas cesarianas, mas reconhecem que há falhas na investigação e no investimento nesta área.