Um estudo anterior realizado com 100.000 pessoas e publicado em 2013 destacou três variações genéticas estatisticamente associadas ao número de anos de estudo atingido pelos indivíduos.

Publicada na revista Nature, esta nova investigação é três vezes mais ampla, na qual participou uma equipa multidisciplinar de 253 cientistas. O trabalho foi realizado com um universo de 300.000 indivíduos de origem europeia, distribuídos por 15 países.

"Desta vez - porque a nossa amostra é mais ampla -, tivemos condições de identificar mais variações genéticas associadas aos níveis de estudo", afirmou Daniel Benjamin, da Universidade da Califórnia do Sul (USC), em Los Angeles, citado pela agência de notícias France Presse.

A influência dessas 74 variações genéticas tomadas em conjunto é "muito pequena" e explica apenas 0,43% das diferenças de tempo de estudo entre os indivíduos, ressaltam os especialistas.

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Para a variação genética com mais impacto, a diferença entre as pessoas que não são portadoras e aquelas que a têm herdada de ambos os pais é em média de "cerca de nove semanas de escola a mais", detalha Daniel Benjamin.

Estudos anteriores realizados em gémeos concluíram que pelo menos 20% das diferenças entre indivíduos no plano escolar seriam causadas por fatores genéticos. "Isso quer dizer que deve haver pelo menos milhares de variações genéticas que influenciam a educação, mas a maioria ainda não foi detetada", constata esse professor de Economia.

Fatores ambientais mais importantes

O papel da genética no sucesso é um assunto "delicado", concluem os investigares. Daniel Benjamin alerta, por exemplo, "contra qualquer utilização simplista" dos resultados do estudo, como falar de "supostos genes para a educação". "Isso seria totalmente enganoso", reforça, lembrando que o bom desempenho escolar depende, antes de tudo, de fatores ambientais.

Daniel Benjamin alega, porém, que esse tipo de investigação"é útil, porque podemos aprender muitas coisas, estudando os efeitos combinados das variações genéticas". Várias mutações genéticas associadas ao nível de educação têm influência no desenvolvimento do cérebro, em especial antes do nascimento.

"As pequenas diferenças genéticas que encontramos podem ajudar a compreender o motivo pelo qual certas pessoas são mais suscetíveis a ter um declínio cognitivo precoce", afirma o professor e coautor do estudo Peter Visscher, do Queensland Brain Institute, na Austrália.