"Há vários ficheiros a descoberto em que o Ministério da Saúde não está a abrir vagas para evitar que esses utentes fiquem sem médicos de família. Além do mais, 200.000 utentes poderão ficar sem médicos de família nos próximos anos - a somar aos 160.000 utentes atualmente sem médico de família - caso não haja uma intervenção eficaz do Ministério da Saúde devido à aposentação dos médicos", aponta o presidente da SRCOM.

"Tal realidade acabará por ter impacto sobre as urgências hospitalares já que estes utentes sem médicos de família irão recorrer aos hospitais".

Citando a realidade da cidade de Aveiro, revela: “no Agrupamento de Centros de Saúde Baixo Vouga já há, neste momento, 34.687 utentes sem médico de família. A título de exemplo, só na cidade de Aveiro estão previstas 11 aposentações em 2022/2023 e este concurso abriu apenas 5 vagas. Esta situação repete-se por toda a região Centro e pelo País”.

Atualmente, estão a concurso 432 vagas para Medicina Geral e Familiar (211 para Lisboa e Vale do Tejo, 107 para norte, 60 para a região Centro, 31 para o Alentejo e 23 para o Algarve). Porém, denuncia Carlos Cortes, “esta não é a solução para fixar médicos de família no Serviço Nacional de Saúde (SNS), pois não estão a ser contempladas as respostas às necessidades. Não há nenhuma lógica no mapa de vagas para colocação de médicos de família, não há planeamento e só traduz um profundo desconhecimento da realidade e das necessidades do país. Pegando no exemplo do Agrupamento de Centros de Saúde do Baixo Vouga: há neste momento, 18 médicos de família em falta para ficheiros a descoberto”.

“O Ministério da Saúde, além de ter demorado 3 meses para iniciar o processo de contratação de médicos especialistas, não abriu concurso onde existem locais carenciados, os utentes são os mais prejudicados. Esta situação repete-se em toda a região centro e no resto do país. É lamentável que seja atualmente o Ministério da Saúde o maior obstáculo à fixação dos médicos no SNS, mostra estar esgotado e incapaz de tomar as decisões certas”, afirma o presidente da SRCOM. “É preciso abrir vagas em todos os locais carenciados e criar as condições de trabalho adequados para os médicos poderem tratar adequadamente os seus utentes”.

“A região Centro tem atualmente uma carência de 90 médicos de família, mas, a breve prazo, podem faltar 300 médicos de família. Perante um problema tão grave, desconhece-se qualquer plano por parte do Ministério da Saúde. Aliás, com a publicação deste mapa, percebemos que as necessidades de cada unidade de saúde e dos seus utentes foram esquecidas. É muito grave e acaba por ter um impacto direto nas urgências hospitalares”.