De acordo com Ulisses Brito, a fusão dos hospitais de Faro, Portimão e Lagos - que em 2013 originou o Centro Hospitalar do Algarve (CHA) -, foi "mal feita" pela atual administração, pelo que devem ser equacionados outros modelos de gestão, que mantenham, como agora, apenas um conselho de administração e a realização de compras em conjunto.

"Não significa que o atual modelo seja mau, devem é ser revertidas algumas coisas e verificado o que é melhor para os doentes, se o processo de fusão é vantajoso ou não e quais são as suas potencialidades", referiu o presidente do Conselho Distrital da Ordem dos Médicos, observando que uma possível reorganização do sistema hospitalar deve ser antecedida de uma profunda reflexão.

Contactada pela Lusa, fonte do Ministério da Saúde não confirmou a intenção de dissolução do CHA e a sua substituição por duas Unidades Locais de Saúde (ULS), hoje noticiada pelo jornal Público, limitando-se a dizer que "está em curso um estudo sobre a reorganização do Serviço Nacional de Saúde" no Algarve.

O dirigente regional da Ordem dos Médicos considera que a criação do CHA conduziu à desestruturação de alguns serviços hospitalares, criando, igualmente, constrangimentos aos profissionais de saúde, que se viram obrigados a fazer deslocações entre hospitais, o que se traduz numa perda de tempo e num aumento desnecessário de custos.

Já o presidente cessante do conselho de administração do CHA defendeu que foi a sua criação "que permitiu nunca mais haver problemas nas urgências do Algarve” ou colmatar situações de insuficiência de equipamentos, produtos ou pessoas, uma vez que há unidades maiores a apoiar as mais pequenas, onde "naturalmente" haveria dificuldades.

“Isto é possível porque existe um Centro Hospitalar com muitos profissionais, que cobre as dificuldades que podem acontecer em cada ponto da região”, considerou Pedro Nunes, frisando que desde que o CHA passou a tutelar os serviços de urgência básica, "nunca mais houve uma falta de um médico que não fosse imediatamente colmatada".

Em declarações à Lusa, aquele responsável disse não querer comentar a eventual intenção de dissolver o Centro Hospitalar e criar duas ULS, por dever “solidariedade” ao Governo e, por isso, só quando deixar as funções, “dentro de uns 15 dias”, se poderá pronunciar sobre a matéria.

“Enquanto presidente do conselho de administração do CHA, e enquanto o for, considero que devo solidariedade para com o Governo, para com qualquer governo que esteja em funções, e portanto não devo opinar politicamente sobre decisões de política tomadas por este governo”, concluiu.