“A OMS reconhece que a medicina tradicional, complementar e alternativa tem vários benefícios, e África tem um longo histórico de medicina tradicional, com os praticantes a desempenharem um papel fundamental no cuidado das populações”, refere um comunicado hoje divulgado pela agência das Nações Unidas.
No documento, a OMS aborda o caso específico da artemísia, uma planta que está a ser utilizada num produto desenvolvido em Madagáscar e que o Presidente do país, Andry Rajoelina, garante que protege e cura a COVID-19, doença provocada por um novo coronavírus.
“Plantas com propriedades medicinais, como a Artemisia annua [espécie de artemísia], estão a ser consideradas como possíveis tratamentos para a COVID-19 e a sua eficácia e efeitos secundários devem ser testados”, aponta o comunicado.
A OMS defende que o continente africano “merece usar medicamentos testados nos mesmos moldes que os usados pelas pessoas do resto do mundo” e que, “mesmo que as terapias tenham origem em práticas tradicionais e naturais, é fundamental estabelecer a sua eficácia e segurança através de testes clínicos rigorosos”.
Nesse sentido, a agência das Nações Unidas diz ter estado a trabalhar nos últimos 20 anos com países em África para assegurar um desenvolvimento seguro e eficaz da medicina tradicional, fornecendo recursos financeiros e apoio técnico.
“A OMS apoiou testes clínicos, levando 14 países a emitirem autorizações para a comercialização de 89 produtos de medicina tradicional, que cumpriram requisitos nacionais e internacionais. Destes, 43 foram incluídos em listas de medicamentos essenciais à escala nacional”, refere a Organização Mundial da Saúde, acrescentando que aqueles são utilizados para tratar pacientes com infeções relacionadas com o VIH e diabetes, entre outras.
Ainda assim, a OMS alerta que é necessário que haja cautela contra a desinformação sobre a eficácia de certos remédios.
“Muitas plantas e substâncias estão a ser apontadas sem a mínima prova de qualidade, segurança ou eficácia. O uso de produtos para o tratamento da COVID-19 que não tenham sido fortemente investigados podem colocar as pessoas em perigo, dar uma falsa sensação de segurança e distraí-los da lavagem de mãos e do distanciamento social, que são cruciais na prevenção da COVID-19″, constata o comunicado.
A OMS conclui, referindo que está aberta a “qualquer oportunidade para colaborar com países e investigadores para desenvolver novas terapias”.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de COVID-19 já provocou mais de 249 mil mortos e infetou mais de 3,5 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Mais de um milhão de doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
O número de mortes provocadas pela COVID-19 em África subiu para 1.800 nas últimas horas, com mais de 44 mil casos da doença registados em 53 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.
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