Os obesos que precisam de cirurgia esperam em média quatro anos para a obter, tempo que podia diminuir se o Estado encaminhasse estes doentes para os centros privados, o que nunca aconteceu por falta de verbas, revelou um especialista.

De acordo com o cirurgião Rui Ribeiro, do Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC), existem atualmente 200 doentes obesos em lista de espera para uma cirurgia metabólica nesta instituição.

Apesar dos “casos prioritários” poderem esperar menos tempo, a maioria dos doentes espera em média entre três e quatro anos para receber este tratamento, desde que é prescrito pelos clínicos, revelou o médico.

A propósito do I Encontro de Cirurgia Metabólica do CHLC, que decorre sexta-feira e sábado, em Lisboa, Rui Ribeiro frisou que são "elevados" os gastos no tratamento dos doentes obesos.

No entanto, a falta de tratamento dos obesos "custa muito mais dinheiro ao Estado", além do sofrimento dos doentes, realçou.

Atualmente, os serviços públicos tratam os doentes obesos com cirurgia através de um programa que atribui cerca de 5.000 a 6.000 euros por doente tratado, um valor “menor” do que o efetivamente gasto pelo hospital, segundo Rui Ribeiro.

Para este cirurgião, um valor mais justo e realista seria de 7.000 a 8.000 euros por doente.

Rui Ribeiro disse ainda que este valor justifica a falta de adesão ao programa por parte de mais instituições e também as privadas.

Mas esta não é a única razão, adianta o médico, lembrando que a falta de verbas tem inviabilizado o encaminhamento dos doentes obesos para centros de tratamento privados.

Atualmente, as cirurgias da obesidade são realizadas nos 19 centros públicos, mas existem 24 centros privados com capacidade que não está a ser aproveitada, segundo a Associação de Doentes Obesos e Ex-Obesos (ADEXO).

Carlos Oliveira, presidente da ADEXO, disse à Lusa que o tempo de espera para esta cirurgia “não tem qualquer cabimento”.

“Para o Estado, tanto custa pagar uma cirurgia num centro público ou privado”, afirmou.

03 de novembro de 2011

@Lusa