O 24.º Congresso do Núcleo de Estudos da Doença Vascular Cerebral (NEDVC) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) realiza-se a 24 e 25 de novembro, no Porto. Luísa Fonseca, coordenadora do NEDVC, revelou alguns dos destaques do programa científico. Explicou, ainda, como é que a inteligência artificial está relacionada com a especialidade em causa, deixando no ar que este será um tema de relevo no Congresso. A coordenadora mencionou também os dois prémios que serão atribuídos no evento: AVC e investigação clínica e AVC e investigação básica.
Healthnews (HN) – Vamos já para o 24.º Congresso do Núcleo de Estudos da Doença Vascular Cerebral. Qual a importância deste congresso e porque é que se realiza ano após ano?
Luísa Fonseca (LS) – O Congresso do NEDVC estabeleceu-se como referência a nível nacional. Mantém como objetivo promover o debate, na classe médica, sobre as novas evidências na prevenção, avaliação e tratamento dos doentes com doença vascular cerebral e incentivar a investigação clínica. Dirige-se a todos aqueles que participam no processo assistencial do doente com doença cerebrovascular, que incluí médicos, enfermeiros, terapeutas, técnicos de diagnóstico, psicólogos, nutricionistas, entre outros. Tem granjeado a aceitação da comunidade científica contando com cerca de 500 inscrições e mais de cem trabalhos submetidos.
HN – O programa do congresso é bastante abrangente e diversificado. Existem sessões ou tópicos específicos que gostaria de destacar como particularmente interessantes ou importantes para os participantes?
LS – Destaco a sessão de controvérsias sobre o papel do ASPECTs na decisão de trombectomia e o valor alvo da pressão arterial na fase aguda da terapêutica de reperfusão. São situações reais e frequentes na nossa prática clínica que, seguramente, esta sessão ajudará a esclarecer. Também o timing de reinício da terapêutica anticoagulante após AVC isquémico e a abordagem na fase aguda de doentes com hemorragia cerebral são situações clínicas que nos colocam muitas questões e angústias no tratamento destes doentes, que pretendemos elucidar. Além da terapêutica de fase aguda são também de extrema importância os cuidados pós-AVC, pelo que teremos uma sessão dedicada, cujos temas tratados serão a afasia e a fadiga pós-AVC. Saliento ainda, a sessão sobre a fragilidade dos doentes e o significado/ importância dos PROMs (Patient-reported outcome measures) e de que modo, estas avaliações dos doentes, nos podem ajudar a melhorar a qualidade e eficácia dos tratamentos prestados.
HN– O congresso inclui um workshop sobre diagnóstico e terapêutica. Pode partilhar mais detalhes sobre o que os participantes podem aprender nesta sessão?
LS – Temos um workshop onde são apresentados casos clínicos complexos com decisões terapêuticas controversas. A apresentação destes casos promove a salutar discussão entre os experts e a assistência, com a qual todos, seguramente, aprendemos.
HN -Uma das sessões aborda o papel da inteligência artificial nos cuidados pré-hospitalares. Pode explicar como a inteligência artificial está a ser usada nesta área e como pode beneficiar os pacientes com AVC?
LS – Como sabemos, a inteligência artificial é, indiscutivelmente, uma realidade e seguramente representa o futuro. Está já a ser utilizada em diversas áreas da saúde com bons e promissores resultados. Também no pré-hospitalar a sua utilização permitirá otimizar a distribuição de recursos, de modo a melhorar a qualidade e o tempo de resposta das equipas na assistência aos utentes. Como está a ser utilizada a Inteligência artificial nesta área e o que esperamos que venha a melhorar no futuro contamos esclarecer durante o congresso.
HN – A educação médica continuada é fundamental para manter os profissionais atualizados. Como é que este congresso contribui para a formação e atualização dos profissionais de saúde na área das doenças vasculares cerebrais?
LS – O programa do congresso tem em atenção o que de novo surgiu sobre esta patologia no último ano, tentando também abordar os temas mais controversos e atuais. Esta partilha de informação e experiência é determinante nos cuidados de excelência que pretendemos prestar aos doentes. Durante o congresso serão atribuídos os prémios: AVC e investigação clínica e AVC e investigação básica, constituídos por estágios de três meses em centros de referência europeus (Oxford e Madrid, respetivamente), que premeiam os melhores trabalhos, incentivando a investigação. Adicionalmente, são lecionados dois cursos específicos no âmbito da formação pós-graduada: Trombólise e Trombectomia e Causas Raras de AVC, ambos com avaliação.
HN -Por fim, que mensagem ou convite gostaria de deixar aos profissionais de saúde interessados em participar no 24º Congresso do Núcleo de Estudos da Doença Vascular Cerebral?
LS – Experiências anteriores têm acolhido entre os participantes uma enorme aceitação. Tem sido gratificante para a comissão organizadora, ano após ano, ter o privilégio de garantir a promoção dos cuidados de saúde nesta área tão específica com enorme desenvolvimento nos últimos anos. Incentivo todos os profissionais de saúde a participarem no 24.º Congresso do NEDVC, a realizar no Porto a 24 e 25 de novembro de 2023. Valerá seguramente a pena!
Comentários