Segundo dados do portal da transparência do Serviço Nacional de Saúde (SNS) hoje consultados pela Lusa, o número de pessoas sem médico de família baixou de 1.757.747 em maio para 1.594.062 no final de junho, o que representa um decréscimo de 163.685 utentes no espaço de um mês.
Em maio desde ano foi atingido o maior número de pessoas sem especialista de medicina geral e familiar atribuído desde janeiro de 2016, mais 148% do que em setembro de 2019, mês em que foi registado o menor número (cerca de 641 mil).
De acordo com os mesmos dados, em junho deste ano tinham médico de família atribuído um total de 9.000.076 pessoas, quando no mês anterior eram 8.820.500.
O portal da transparência do SNS indica ainda que o número de inscritos nos cuidados de saúde primários aumentou de 10.608.721 para 10.622.877 entre os dois meses, mais 14.156 utentes.
Um relatório recente do Conselho das Finanças Pública alertou para os “riscos e incertezas” que condicionam a sustentabilidade futura do SNS, entre os quais os “constrangimentos da atividade dos cuidados primários”, um fator que poderá pressionar os serviços de urgência e o internamento nos hospitais.
“O número de utentes sem médico de família tem apresentado um crescimento superior a 30% nos últimos dois anos, persistindo uma trajetória ascendente iniciada em 2019”, avançou o documento.
No final de maio, a direção executiva do SNS anunciou que cerca 500 mil utentes passariam a ter médico de família na sequência da colocação de 314 desses especialistas de medicina geral e familiar no último concurso de recrutamento.
De acordo com a direção executiva, estas colocações representam o segundo maior número de médicos de família de sempre contratados para o SNS por concurso, depois de 2020, ano do início da pandemia da covid-19, quando entraram 319 especialistas.
Já no final de junho, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, adiantou que todas as Unidades de Saúde Familiar (USF) vão passar, até ao fim deste ano, a ter a remuneração dos seus profissionais associada ao desempenho, permitindo que entre 200 mil e 250 mil utentes passem também a ter médico de família atribuído.
Os sindicatos dos médicos têm exigido ao Governo medidas urgentes para reter e captar mais especialistas para o SNS, como a melhoria das condições de trabalho nos cuidados de saúde primários e a revisão das grelhas salariais.
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