As vacinas da hepatite A administradas no âmbito deste surto passam a ser gratuitas e com isenção de taxas moderadoras. “São elegíveis para vacinação os contactos de pessoas com hepatite A (coabitantes e contatos sexuais) que deverão ser vacinados até duas semanas após a última exposição”, recomenda a Direção-geral da Saúde (DGS).

Também são elegíveis para vacinação homens que praticam sexo anal ou oro-anal com outros homens e que se deslocam ou vivem em locais afetados pelo atual surto. Quanto aos viajantes com destino a países endémicos para a hepatite A só são elegíveis para vacinação a título excecional, devendo o médico prescritor da vacina contactar previamente a DGS.

No caso dos homens que têm sexo anal e oro-anal com outros homens deve ser administrada uma dose única de vacina em formulação pediátrica. Mesmo quem tenham prescrição médica para a vacina de adulto devem ser vacinados com dose única da vacina pediátrica, sem necessidade de nova receita.

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Em relação aos contactos próximos (que habitam ou têm relações sexuais) com doentes com hepatite A, deve ser dada dose única da vacina em formulação adequada à idade de cada pessoa.

No caso de ter sido ultrapassado o limite de duas semanas a seguir à exposição ou ao contacto com a pessoa com hepatite A, a vacina não está indicada. A DGS aconselha então os utentes a estarem vigilantes relativamente a eventuais sintomas e a reforçar medida para evitar a transmissão.

Cabe preferencialmente ao médico que identificou a infeção identificar os contactos e prescrever a vacina.

Sintomas

Náuseas, febre, falta de apetite, fadiga, diarreia e icterícia são os sintomas mais comuns que, consoante a reação do organismo, podem manifestar-se durante um mês. Os sintomas variam consoante a idade em que há contacto com o vírus. Cerca de 90% dos casos são assintomáticos. De início, a doença pode ser confundida com uma gripe, pela semelhança dos sintomas. Outros sintomas possíveis são o aparecimento de urina escura, fezes claras, dor na barriga, aumento do volume do fígado e, nalguns casos, o baço pode também aumentar de volume.

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A DGS frisa que não são administradas a ninguém segundas doses de vacinas: “os cidadãos a quem tiver sido administrada uma dose da vacina contra a hepatite A no decurso da sua vida devem ser tranquilizados e informados que uma dose permite a eficácia desejada”.

É ainda recomendado aos médicos que avaliem criteriosamente a decisão de vacinar pessoas com mais de 55 anos, exceto se forem portadores de doença hepática.

Caberá a cada Administração Regional de Saúde e às secretarias regionais das Regiões Autónomas informar sobre os locais de vacinação em cada região. Os sites destas instituições e da DGS devem também divulgar esta informação.

Em Portugal, do início do ano até agora foram notificados 160 casos de hepatite A, cerca de metade dos quais foram internados. Do total de doentes, 93% são adultos jovens do sexo masculino e principalmente residentes na área de Lisboa e Vale do Tejo.

A infeção provocada pelo vírus da Hepatite A entra no organismo através do aparelho digestivo e multiplica-se no fígado, causando uma inflamação temporária. A hepatite A transmite-se pela ingestão de alimentos ou água contaminados pelo vírus, daí que seja mais frequente em países menos desenvolvidos e incida principalmente em crianças e adolescentes.

Para além da transmissão através da água e alimentos contaminados, o contacto direto com a pessoa infetada é outra das vias de contágio. Nestes casos, a infeção dá-se através do contacto com as fezes de um doente, seja pela troca de fraldas ou pela prática de sexo anal e oral desprotegido, por exemplo.

Neste sentido, os grupos de risco incluem familiares ou parceiros sexuais de pessoas infetadas, toxicodependentes, profissionais de saúde e viajantes para países subdesenvolvidos.

A vacinação contra a hepatite A é recomendada quando se viaja para países com elevada penetração da doença e também para pessoas com doença hepática crónica ou inseridas numa comunidade onde seja detetado um surto.

A hepatite A cura-se na maioria dos casos ao fim de cerca de três semanas sem necessitar de internamento ou de um tratamento específico. Após a cura, o vírus desaparece do organismo e surgem anticorpos que impedem nova infeção. Raramente a doença é fatal. No entanto, a infeção pode provocar falência hepática.