Mulheres ouvem melhor que os homens e por isso falam mais

Estudos científicos comprovam que são as mulheres que têm melhor audição, sendo que nos homens este sentido diminui duas vezes mais rápido, até aos 50 anos. Alguns especialistas consideram que a melhor audição do público feminino explica as suas diferentes capacidades de audição e aprendizagem e o motivo pelo qual falam mais.

Cristina Caroça, médica otorrinolaringologista, explica que "a perda auditiva afeta os homens em grande escala". Em 1994, um grande estudo longitudinal americano revelou que as mulheres tinham uma melhor audição. Posteriormente, a mesma informação foi confirmada por um estudo italiano realizado na região de Veneto.

"Os dados disponíveis provaram que as mulheres possuem um limiar auditivo superior, por volta dos 1,000 Hertz. No entanto, com o passar dos anos as diferenças entre homens e mulheres tendem a diminuir a partir dos 50 anos", indicou a médica.

"A razão pela qual as mulheres têm melhor audição está em parte relacionada com o efeito protetor das hormonas femininas entre os 30 e 50 anos. Por outro lado, é também graças à maior exposição dos homens a ambientes ruidosos quer no trabalho quer nas suas atividades de lazer", acrescenta a especialista.

"Desde tenras idades que os rapazes tendem a brincar com jogos mais ruidosos que as raparigas, e mais tarde, enquanto adultos, estão mais expostos a grandes volumes (por exemplo: desportos de caça e tiro, utilização de berbequins e outras ferramentas para trabalhos em casa). Além disso, os homens estão ainda estatisticamente mais propensos a sofrer acidentes no trabalho, acidentes de carro e ataques violento", recorda.

Dados sobre a audição

A deficiência auditiva em Portugal apresenta uma proporção de 8 em cada 1000 habitantes. Este aumento de prevalência deve-se em parte ao facto da população Portuguesa apresentar-se envelhecida, aumentando a prevalência de presbiacusia. À semelhança de outros estudos mundiais, revelou uma maior prevalência no sexo masculino.

Em Portugal, foi efetuado no CENSUS 2001 o registo das deficiências. Com base nesses dados, verificou-se que 6,1% da população portuguesa apresenta pelo menos uma deficiência. Destes, as deficiências visual e auditiva afetavam cerca de 40% da população.

Atualmente, 590 milhões de pessoas em todo o mundo e mais de 83 mil portugueses sofrem de défices auditivos. Estima-se que em 2050 mais de mil milhões de pessoas mundialmente sofram de défice auditivo: um problema que implica uma perceção reduzida dos sons e dificuldade em interpretar conversas, especialmente quando faladas em voz baixa.