“Relativamente à recuperação da atividade assistencial nos Cuidados de Saúde Primários, os dados (provisórios) acumulados a maio de 2021, face a maio de 2020, demonstram que foram feitas mais 3.129.079 consultas médicas totais (+ 25,4%) e que, no mesmo período, face a maio de 2019, esse aumento foi de 1.691.836 consultas (+12,3%)”, indicou o ministério, em comunicado, acrescentando que foram também registados aumentos nas consultas de enfermagem e de outros técnicos de saúde.

Nos hospitais, de acordo com os mesmos dados provisórios, realizaram-se mais 785.498 consultas médicas (+17,6%), “ainda que com uma ligeira diminuição face a maio de 2019 (-117.540 consultas, ou seja -2,2%)”.

O Ministério da Saúde reporta também mais 76.191 cirurgias (+36,1%). Face a maio de 2019, registaram-se menos 9.291 cirurgias (-3,1%).

“Dado que em janeiro e fevereiro de 2021 se observaram os números mais elevados de necessidade de utilização dos recursos hospitalares para tratamento de doentes covid-19, os dados aqui referidos demonstram, claramente, o percurso de recuperação efetuado no SNS e o alinhamento com a atividade de 2019, ano em que se verificou o mais elevado volume de produção” no SNS, defendeu a tutela.

“Com efeito, se se comparasse a atividade assistencial realizada a maio de 2021 com a realizada a maio de 2018, observava-se, por exemplo, que nas consultas hospitalares já se teria crescido em 2021 (+24.957 consultas) e nas cirurgias a diminuição seria de apenas -3.417”, lê-se no documento, em que se destaca o esforço dos profissionais de saúde no atual contexto.

Relativamente ao número de utentes sem médico de família, o ministério indicou que decorre do aumento “muito relevante da ativação de inscrições de utentes, antes não frequentadores”, nos centros de saúde, quer por via das unidades de saúde pública (vigilâncias covid-19), quer por via da vacinação no período de janeiro a maio de 2021 (ocorreram +75.283 inscrições) e da aposentação de especialistas de Medicina Geral e Familiar (131, até maio de 2021).

No âmbito do concurso para recrutamento de recém-especialistas da época normal de avaliação do internato médico de 2021, “foram disponibilizados 459 postos de trabalho” para a área de Medicina Geral e Familiar.

“Se fosse preenchida a totalidade das vagas e se verificasse a atribuição de entre 1.550 utentes a 1.900 utentes por médico poder-se-ia atribuir médico de família a entre 711 mil e 872 mil utentes antes do fim do terceiro trimestre”, justifica o ministério.

O balanço do ministério surge no dia em que foram divulgados dados de um estudo sobre o impacto da pandemia de covid-19 na prestação de cuidados de saúde em Portugal.

Perto de 450 mil rastreios aos cancros da mama, do útero e do colo e reto ficaram por realizar no primeiro ano de pandemia, bem como 29 milhões de exames complementares de diagnóstico e terapêutica, de acordo com o trabalho hoje apresentado.

Os dados fazem parte do estudo “O impacto da pandemia covid-19 na prestação dos cuidados de saúde em Portugal”, promovido pelo Movimento Saúde em Dia, realizado pela consultora MOAI com dados do Portal da Transparência do Serviço Nacional de Saúde, recolhidos entre 25 de junho e 05 de julho de 2021.

A análise, que comparou os dados disponíveis do primeiro ano de pandemia (março 2020 a fevereiro de 2021) com o período imediatamente anterior (março 2019 a fevereiro 2020), mostra uma quebra nos rastreios realizados no âmbito do programa de rastreios oncológicos nos cuidados de saúde primários.

Segundo o estudo, apresentado na Ordem dos Médicos (OM), em Lisboa, houve menos 21% de mulheres com registo de mamografia nos últimos dois anos (169.485), menos 12% de mulheres com colpocitologia atualizada (140.872) e menos 7% com rastreio do cólon e reto (125.322).

O estudo apontou também para uma redução de 46% nas consultas médicas presenciais nos centros de saúde, de 40% nas urgências hospitalares e de 25% nas cirurgias no primeiro ano de pandemia.