O mieloma, uma doença hematológica maligna e incurável, já atinge mais de 1300 pessoas em Portugal, revela o chefe de serviço do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, Fernando Leal da Costa.

A informação surge no âmbito do encontro “Debates sobre Linfoma e Mieloma”, que vai reunir, no Hotel Marriott, em Lisboa, nos dias 30 de Setembro e 1 de Outubro, mais de 300 especialistas internacionais em Hematologia, para analisarem o panorama actual de diagnóstico e tratamento destas doenças.

O mieloma representa dois por cento de todos os cancros e afecta, sobretudo, pessoas com mais de 60 anos. Recentemente, tem-se verificado um maior número de casos numa população mais jovem, com menos de 50 anos, facto que se pode justificar por uma melhoria na capacidade de detecção da doença e por maiores oportunidades de assistência médica.

Ainda assim, os especialistas alertam para a importância de sensibilizar os médicos de clínica geral para o diagnóstico. “Em Portugal, os médicos ainda não estão suficientemente alertados para o diagnóstico do mieloma, nem para as possibilidades de tratamento actuais, o que faz com que a doença seja detectada muito mais tarde, reduzindo as possibilidades de tratamento”.

Na reunião “Debates sobre Linfoma e Mieloma”, cuja comissão científica é presidida por Leal da Costa, estarão alguns dos maiores hematologistas europeus, como o alemão Mathias Rummel e o francês Jean-Luc Harousseau, um dos líderes de um dos grupos de investigação, que contribuíram para aumentar a esperança média de vida dos doentes com mieloma de 18 meses para 10 anos.

Apesar de ser uma doença quase sempre incurável, o mieloma tem possibilidade de tratamento, mas nem todos os doentes têm acesso a todos os medicamentos na altura ideal. Leal da Costa explica que “não podem existir desigualdades que resultem em alguns doentes não terem ainda acesso imediato à medicação que pode permitir aumentar a esperança média de vida, mesmo junto da população mais velha. São necessárias políticas públicas assumidas, que definam as áreas relevantes, e o mieloma é uma área muitíssimo importante, uma vez que afecta cada vez mais portugueses”.

O linfoma é um outro tipo de neoplasia linfóide, mas que, em vez de surgir nos plasmócitos, como o mieloma, surge nos linfócitos. É bastante mais frequente, varia na idade e no prognóstico, e a sua incidência tem aumentado de forma constante nas últimas décadas. Leal da Costa explica que “enquanto o mieloma é uma doença, o linfoma é um conjunto de doenças, mas ambas são cancros hematológicos linfoproliferativos, o que poderá indicar que o tratamento para um, pode, em alguns casos, ser adequado para outro”.

Apesar de o mieloma seguramente existir há milhares de anos, o primeiro caso bem documentado surgiu apenas em 1844, num doente que sentia cansaço e dores nos ossos devido a múltiplas fracturas. As causas do mieloma são, até hoje, desconhecidas.

A reunião “Debates sobre Linfoma e Mieloma” é organizada pela companhia farmacêutica Janssen.

2010-09-29