“As declarações do ministro das Finanças deviam deixar mais preocupado o ministro da Saúde, porque Mário Centeno lá terá as suas razões para dizer que a gestão das unidades de saúde ou dos hospitais (…) não está a ser bem feita”, afirmou Miguel Guimarães aos jornalistas, no Porto, à margem de uma reunião com o líder do PSD, Rui Rio.

Segundo o bastonário, “isto é um motivo de preocupação, é mais um grande motivo de reflexão para o ministro da Saúde”, Adalberto Campos Fernandes.

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O ministro das Finanças admitiu hoje, no parlamento, que possa haver situações de má gestão no Serviço Nacional de Saúde e que, nesse caso, têm de ser avaliadas, adiantando que foi criada uma unidade de missão para avaliar a dívida na Saúde.

“Pode seguramente haver má gestão, na verdade, e temos de olhar para ela”, disse Mário Centeno, na comissão parlamentar de Trabalho.

A declaração do governante surgiu após uma sugestão do deputado do PSD Álvaro Batista de que a elevada dívida e os pagamentos em atraso no Serviço Nacional de Saúde (SNS) se podem dever a má gestão.

Dívida da Saúde é um tema que preocupa

O ministro afirmou ainda que a dívida da Saúde é um tema que preocupa este Governo e que foi por isso que foi criada uma “unidade de missão para repensar todo o processo de criação de dívida” no SNS.

Mário Centeno acrescentou, contudo, que a dívida também se deve a mais investimento na Saúde, referindo que “os recursos dedicados [hoje] ao Serviço Nacional de Saúde são muito superiores àqueles que foram dedicados em 2015”, quando estavam no Governo PSD e CDS-PP.

Segundo os últimos dados da Direção-Geral do Orçamento, no final de janeiro, havia 951 milhões de euros em dívida em atraso dos Hospitais EPE - Entidade Pública Empresarial (acima dos 837 milhões de dezembro e dos 613 milhões de janeiro de 2017) e mais quatro milhões de euros no subsetor saúde.

Os pagamentos em atraso referem-se a contas por pagar há mais de 90 dias.

O Governo tem vindo a dizer que espera uma “redução pronunciada” dessa dívida este ano, desde logo devido ao reforço de capital no valor de 500 milhões de euros feito no final de 2017 nos Hospitais EPE, que “começará a produzir efeitos a partir de março”.