Durante a apresentação do projeto, no centro de base comunitária do GAT, CheckpointLX, o diretor-geral da Gilead Sciences, parceira da GAT, a primeira ONG a fazer parte do programa, explicou que o Focus pretende capacitar e dar ferramentas a todas as entidades envolvidas.
“É um programa de saúde pública. O que pretendemos é capacitar as entidades que participam no programa com as competências, com as ferramentas e com a capacidade poder aumentar e acelerar tudo o que é rastreio e diagnóstico aos cuidados de saúde de pessoas com VIH”, salientou Vítor Papão.
O Programa Focus é um programa de saúde pública que foi lançado em 2010, nos Estados Unidos, e que já permitiu a realização de mais de oito milhões de exames de sangue, em 170 instituições distribuídas por cerca de 90 cidades.
De acordo com Vítor Papão, a iniciativa entra agora em Lisboa, depois de ter entrado no ano passado em Cascais, sublinhado que o projeto deverá ser sustentável no futuro.
“A parceria é no sentido de podermos trazer competências, ferramentas e valências que permitam ao GAT cumprir todos estes objetivos”, realçou, anotando que “é importante que [o projeto] seja sustentável, que seja independente da Gilead, para que se continue a fazer o rastreio e o diagnóstico”.
Por seu lado, a diretora do Programa Nacional para as Hepatites Virais, Isabel Aldir, demonstrou alguma preocupação na sustentabilidade do projeto, apesar de o ter considerado uma iniciativa interessante.
“Preocupa-me um pouco. Porque estes testes rápidos, em termos de custo, são mais dispendiosos do que os testes tradicionais”, indicou, reconhecendo que vai haver constrangimentos.
Na apresentação, Isabel Aldir anteviu ainda “um ou outro constrangimento” em relação à sua sustentabilidade, alertando que, no futuro, poderá ser repensado e que esta área deve ser vista como prioridade para o país.
Já o presidente do Grupo de Ativistas em Tratamentos, Luís Mendão, considerou haver recursos insuficientes para “a dimensão da epidemia em Portugal”, explicando que as verbas no programa nacional de saúde devem ser reforçadas.
“Portugal é um dos principais países no desenvolvimento sustentável. Deve-se reforçar o SNS [Serviço Nacional de Saúde], o trabalho que é feito no SNS”, disse, demonstrando necessidade de ter “um hospital universitário como parceiro, como acontece com o Checkpoint de Paris ou de Barcelona”.
Com o Programa Focus, estima-se que os tempos de rastreio sejam reduzidos em 50% e que o diagnóstico seja feito em 90 minutos, em vez dos atuais 60 dias nos casos mais demorados, respondendo a diversas recomendações internacionais.
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