Fátima Monteiro falava a propósito da greve de duas horas que os enfermeiros daquele hospital do Porto realizaram hoje, entre as 11:30 e as 13:30, para protestar contra “as precárias condições de trabalho, que têm vindo a agravar-se”.

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“Fomos recebidos pelo conselho de administração, que corrobora as nossas preocupações. Quisemos saber qual a estratégia para 01 de julho, face ao volume de horas existentes em débito aos enfermeiros e que vão aumentar exponencialmente se não houver contratualização”, disse a dirigente do sindicato.

Segundo Fátima Monteiro, a administração do “São João” disse que “compreende que não pode pedir mais aos enfermeiros, compreende que já estão nos seus limites, compreende que a taxa de absentismo advém das condições de trabalho, mas diz que por parte da tutela não tem havido preocupação em contratualizar enfermeiros, não autorizando os que já deviam estar a ser contratualizados para 01 de julho estarem a trabalhar”.

Fátima Monteiro disse ainda que a administração do hospital admitiu que “dado o panorama que se vive na desregulação dos horários dos enfermeiros será estudada uma via que passará pela redução ou encerramento de camas e cirurgias a partir dessa data”.

“O sindicato é contra a redução de camas e de cirurgia e continua a responsabilizar o Ministério da Saúde e o Governo por estas opções políticas que destroem progressivamente o SNS. Até nos interrogamos a quem serve esta política, quais são os interesses que poderão estar por trás, porque é inaceitável o que se está a passar na maioria das instituições hospitalares do Serviço Nacional de Saúde”, acrescentou Fátima Monteiro.

A Lusa contactou a administração do Centro Hospitalar de São João que se escusou a prestar qualquer esclarecimento sobre a greve hoje realizada.

Segundo a coordenadora do Norte do SEP está já agendada para o próximo dia 30 uma greve de um dia na Unidade Local de Saúde de Matosinhos, pelos mesmos motivos.

“Este é um problema que não afeta só o “São João”. Gaia se calhar ainda está pior e a mesmo situação verifica-se no Santo Antonio. É uma situação preocupante, não só pela segurança dos profissionais, mas também pela qualidade dos cuidados que prestam e pela quantidade de serviços que a população vai ver reduzida”, frisou.

No Hospital de São João, segundo o SEP, “as horas em dívida acumulam-se e já são cerca de 60 mil” e “a carga horária semanal aumenta a cada semana, impedindo que os enfermeiros gozem os períodos de descanso a que têm direito”.

“Igualmente, não são cumpridas as horas de descanso entre turnos. E o recurso a turnos de 12 horas, ilegais, passou a ser a regra da vida de trabalho destes profissionais”, assinala o sindicato para quem “o Ministério da Saúde/Governo são responsáveis pelas ilegalidades que estão a ser praticadas e ainda, pelas condições de trabalho dos enfermeiros potenciadoras de causar o aparecimento de sinais e sintomas de doença nestes profissionais”.