A propósito deste aniversário, Isabel Vaz reafirmou que o Hospital da Luz – que considera “o mais bonito e mais moderno de Portugal” – foi “um caso de sucesso” e que, até hoje, “não parou de crescer”.

Há 10 anos, Ricardo Salgado, então administrador do Grupo Espírito Santo (GES), principal acionista do Hospital da Luz, disse que esperava que o investimento do grupo (150 milhões de euros) tivesse retorno ao fim de sete anos. Ao fim de dois, a empresa já tinha lucro líquido e atualmente tem um volume de negócios anual de 155 milhões de euros. “O hospital basicamente triplicou todas as nossas previsões iniciais”, afirmou Isabel Vaz, recusando a ideia de que este é “um hospital para ricos”.

“Temos um Serviço Nacional de Saúde (SNS) que é financiado pelos nossos impostos e acessível a toda a população. O setor privado financia-se numa lógica de dupla cobertura, pois além de pagarmos os nossos impostos para termos acesso ao SNS, cerca de 40% da população portuguesa paga adicionalmente para ter acesso à rede privada de cuidados de saúde (20% seguros, dos quais metade pagos pelos empregadores, e privados)”, disse.

Sobreviveria sem ADSE

Sobre o contributo do subsistema de saúde dos funcionários públicos (ADSE), Isabel Vaz não tem dúvida que o hospital sobrevivia sem este, mas reconhece: “Seria um hospital com uma linha de produtos clínicos seguramente diferentes”.

Para a administradora, “a grande diferença da ADSE em relação aos seguros comerciais em geral é que é um subsistema de saúde sem limite de idade nem plafonamento da despesa e tem uma grande parte de beneficiários reformados, mais velhos e, por isso, com necessidades muito superiores às mais novas, do ponto de vista de risco da saúde”.

As piores formas de ir parar a um hospital

Sem a ADSE “teríamos de focar o hospital noutro tipo de tipologia de produtos que hoje não são cobertos pelos seguros e sim pela ADSE. Seria um hospital diferente, mas que sobreviveria”.

A propósito de plafonamentos, Isabel Vaz assegurou que os doentes oncológicos são informados do custo dos tratamentos e quanto o utente tem de pagar. “Tornamos muito claro aos doentes o que vai de facto acontecer”, disse.

Isabel Vaz defende que se questione a razão de os utentes que têm acesso ao SNS optarem, quando podem, pelo privado.

“Fala-se pouco dos movimentos do público para o privado. Porque vêm? Vêm porque muitas vezes existem listas de espera, porque muitas vezes a melhor tecnologia pode estar no setor privado. É muito limitativo falar só dos movimentos do privado para o público, quando também há movimentos no sentido contrário e nem sempre pelas melhores razões, nomeadamente as listas de espera”.

E remata: “Se hoje existe um setor privado tão pujante é porque de alguma forma há necessidades que as pessoas também colmatam no privado e que pagam com uma cobertura adicional”.

Mas a gestora acredita que a discussão em torno do público versus privado é mais ideológica e política que outra coisa e que a mesma passa ao lado dos utentes e dos seus interesses.

Com as obras de ampliacão a decorrer, o Hospital da Luz vai duplicar a sua dimensão e produção até 2019, contando para isso com um investimento de 100 milhões de euros. Nos cinco anos seguintes, a faturação deste hospital deverá atingir os 350 milhões de euros.

Em 2016, o hospital fez 425 mil consultas externas e 110 mil urgências, 16 mil cirurgias e partos e um milhão de exames. O volume de negócios é da ordem dos 155 milhões de euros.