Manuel Agonia, que foi também o fundador da unidade, garantiu que Serviço Nacional Saúde tem uma dívida de mais 500 mil euros à sua empresa, pois não terá disponibilizado verbas para que o Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde possa liquidar serviços prestados pelo Senhor do Bonfim.

"Para que o meu pessoal possa receber já amanhã seria preciso que o Centro Hospitalar nos pagasse mais de 500 mil euros, de estamos à espera que há mais de 14 meses", partilhou à Lusa o empresário, de 81 anos.

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A maior parte dos cerca de 350 funcionários do Hospital Senhor do Bonfim ainda não recebeu o mês de fevereiro, numa situação que, segundo Manuel Agonia, o "envergonha". "As dificuldades que existem tiram-me o sono. É uma vergonha para mim, e para à minha família, não estar a cumprir com os pagamentos aos funcionários, que considero amigos e têm direitos. Estou a tentar resolver a situação o mais rápido possível", observou.

O presidente dos Hospitais Senhor do Bonfim admitiu que a solução para resolver os problemas financeiros poderá passar pela entrada de investidores na empresa, partilhando a existência de contactos nesse sentido.

Negociações em curso

"Estamos a negociar com parceiros que possam trazer dinheiro para este projeto. Estou, nestes dias, a ter algumas reuniões nesse sentido", disse o empresário, partilhando que mesmo antes de inaugurar a unidade, em 2014 chegou a ter um proposta para a vender por 240 milhões de euros.

Manuel Agonia lembrou que a construção dos Hospitais Senhor do Bonfim foi considerada um projeto PIN (Potencial Interesse Nacional), mas que, desde que entrou em funcionamento, não tem recebido apoio de equivalente dimensão por parte dos sucessivos governos.

"Este investimento foi feito com a expectativa de várias convenções com o Serviço Nacional de Saúde, mas que até agora ficaram 'debaixo das mesas' pois não têm cumprido com que foi prometido. O Estado não está corresponder ao investimento que foi feito por um cidadão honesto, que sempre cumpriu com os impostos", reiterou.

O empresário manteve, na semana passada, uma reunião com os funcionários a dar contas das dificuldades de tesouraria para pagar os vencimento e, apesar de estes mostrarem esperança que o problema se resolva, lembraram também que a situação já vem do ano passado.

José Azevedo, presidente do Sindicato dos Enfermeiros, tem conhecimento das situações de incumprimento, mas mostrou confiança na atual administração.

"Consideramos que aquela é uma estrutura válida e com potencial, e vamos tentar ajudar o senhor Manuel Agonia a recuperar dinheiro que o Serviço Nacional de Saúde lhe deve", vincou à Lusa.

José Azevedo considerou ainda que as 40 camas de Cuidados de Continuados que foram atribuídas pelo Serviço Nacional de Saúde aos Hospitais Senhor do Bonfim "não são uma ocupação digna para uma unidade nova e com muito mais potencial".

O Hospital Senhor do Bonfim, em Vila do Conde, foi um investimento de 100 milhões de euros, feito pelo empresário Manuel Agonia, que tem atualmente 549 camas e capacidade para atender 1500 euros por dia.