O presidente da APHP, Óscar Gaspar, recordou hoje aos jornalistas que já houve cinco rondas de negociações desde outubro de 2022.
Segundo o responsável, as reuniões têm decorrido com “propostas que foram evoluindo de uma parte e de outra”.
“Na passada terça-feira apresentámos uma nova proposta e, portanto, estando as negociações em aberto, pareceu-nos que esta greve era extemporânea. Isto vem pôr em causa os legítimos direitos dos trabalhadores (…), mas as negociações estão a avançar”, adiantou.
Óscar Gaspar afirmou que a posição da APHP passa por um aumento salarial de 6%.
“Estamos a falar de 1.145 euros, que podiam já estar a ser aplicados se tivéssemos chagado a acordo. O nosso aumento de 6% é superior àquilo que foi o acordo de médio-longo prazo negociado na concertação social, é superior aos 5,1% que estão a ser aplicados na função pública e nós aqui entendemos que era um valor razoável. Estamos a falar de pelo menos de 55 euros de aumento por mês para os enfermeiros e um subsídio de alimentação de seis euros”, salientou.
O presidente da APHP mostrou-se a ainda convencido de que, “a muito breve trecho”, haverá um acordo entre o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) e os hospitais privados.
Sobre as acusações de pressões das instituições privadas sobre os enfermeiros para que não exercessem o direito à greve, Óscar Gaspar garantiu desconhecer essa situação.
“Desconheço de todo. Nós, na associação, nem sequer recebemos um pré-aviso de greve. Agora, o direito à greve é absolutamente legítimo e respeitado. Não me passa pela cabeça que nenhum sindicato, este ou outro, tivesse dificuldade de se manifestar”, sublinhou.
Cerca de uma centena de enfermeiros do setor privado concentrou-se hoje junto ao Hospital CUF Descobertas, em Lisboa, exigindo, entre outras medidas, o aumento salarial de 10% para todos os profissionais.
Os enfermeiros de 75 unidades de saúde privadas do país fazem hoje um dia de greve, a primeira que esses profissionais realizam, para reivindicar a melhoria das condições de trabalho.
“Nós queremos lutar pela dignificação da enfermagem. Neste momento, não nos sentimos dignificados. Não temos aumento salarial e trabalhamos mais horas do que no público. As horas de ‘qualidade’ não nos são pagas”, afirmou a enfermeira Fátima Marras, referindo-se às chamadas horas penosas que realizam sobretudo no período noturno.
Segundo a profissional de saúde, que esteve presente na concentração, se trabalhar uma noite por mês ou 30 noites ganha o mesmo.
“Não é justo. Não é justo. Se eu fizer a noite do dia de Natal, ganho zero quando o país está em casa”, reclamou, defendendo a valorização da profissão.
Prevista para os turnos da manhã e da tarde, esta será a primeira greve dos cerca de 4.200 enfermeiros que trabalham nas 75 unidades de saúde abrangidas pela Associação Portuguesa de Hospitalização (APHP).
Os enfermeiros destas unidades privadas reclamam a implementação das 35 horas semanais e a regulação dos horários de trabalho, um acréscimo remuneratório mensal para quem trabalha por turnos e o pagamento do regime de prevenção.
Além disso, reivindicam o aumento da compensação das chamadas “horas penosas” trabalhadas à noite, nos fins de semana e feriados, assim como um aumento salarial de 10% e do subsídio de refeição para todos os enfermeiros e 25 dias úteis de férias por ano.
Aos jornalistas, no local, o presidente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), José Carlos Martins, denunciou “pressões inqualificáveis” aos enfermeiros por parte das instituições privadas.
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