O medicamento tem sido promovido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que recentemente disse que o usava como medida preventiva contra o coronavírus. Mas um estudo com 821 pessoas nos EUA e no Canadá mostrou não ser muito mais eficaz do que um placebo na prevenção de infeções.
A hidroxicloroquina, usada há muito tempo como tratamento da malária e cuja eficácia contra o coronavírus não foi rigorosamente demonstrada, é motivo de polémica.
Uma equipa de cientistas liderada pela Universidade de Minnesota selecionou adultos que estiveram em contacto com um paciente de COVID-19 por mais de 10 minutos, a uma distância de dois metros ou menos.
A maioria deles foi considerada como pessoa em risco de serem contaminada, pois não usava máscara ou proteção para os olhos ao interagir com a pessoa infetada.
Os cientistas administraram hidroxicloroquina ou um placebo aos participantes do estudo dentro de quatro dias após o contacto com o paciente.
Depois analisaram, através de testes de laboratório e observação dos sintomas, quantas dessas pessoas contraíram o coronavírus nas duas semanas seguintes.
"Este estudo randomizado não demonstrou nenhum benefício significativo da hidroxicloroquina como tratamento profilático após a exposição à COVID-19", concluíram os autores do estudo.
Quarenta e nove dos 414 pacientes (12%) que receberam o tratamento tiveram a doença, em comparação com 58 dos 407 (14%) que receberam um placebo, uma diferença que não é considerada estatisticamente significativa.
Os efeitos secundários foram mais frequentes com o uso de hidroxicloroquina do que com o placebo, mas em ambos os casos não foram insuportáveis.
Os resultados do trabalho eram esperados com entusiasmo, uma vez que se tratava de um estudo controlado randomizado, uma experiência que geralmente é considerada como referência para o estudo de resultados clínicos.
Apesar de tudo, "a experiência é pequena demais para ser irrefutável", disse Martin Landray, professor de medicina e epidemiologia da Universidade de Oxford que não participou no ensaio clínico.
Vários estudos serão necessários para ter certeza se a hidroxicloroquina pode ou não ter um efeito positivo moderado, disse o especialista.
Comentários