"É uma greve pela defesa dos direitos dos profissionais de saúde, nomeadamente dos médicos, mas também é uma greve para exigir que o Governo tome medidas de fundo para melhorar o Serviço Nacional de Saúde, o acesso, mas não só, a capacidade de resposta às necessidades e anseios das populações", disse Arménio Carlos à agência Lusa.

O líder nacional da CGTP falava na Guarda, no final de um plenário de sindicatos e da cerimónia de inauguração da Casa Sindical local.

10 tendências de moda que arruínam a sua saúde
10 tendências de moda que arruínam a sua saúde
Ver artigo

"É uma greve que tem uma visão daquilo que deve ser o país no futuro, não um país refém daquilo que são as imposições do tratado orçamental, do défice ou da dívida, mas um país, ou um Governo, que tem de respeitar aquilo que é uma vontade popular", acrescentou.

Arménio Carlos observou que as pessoas devem estar "à frente da opção dos números do défice, sob pena de se dizer que a política do anterior governo era errada" e agora é dada "continuidade a essa mesma política que era errada". "É preciso romper com a política do passado, e particularmente é necessário dar um outro impulso à capacidade de resposta do SNS", declarou,

Governo "obcecado pela redução do défice"

O líder da CGTP disse ainda que a greve dos médicos, desde logo pelos objetivos que consagra, é "extremamente importante" porque "revela a importância da valorização das carreiras médicas e simultaneamente da melhoria das condições de trabalho dos médicos para prestarem um melhor serviço de saúde às populações".

Por outro lado, tem como finalidade chamar a atenção da opinião pública para que "é necessário que o Governo deixe de ficar obcecado pela redução do défice e assegure uma alternativa visando um maior investimento nos serviços públicos e particularmente na saúde".

Os médicos iniciaram hoje às 00:00 três dias de greve nacional, uma paralisação que os sindicatos consideram ser pela "defesa do Serviço Nacional de Saúde".

A reivindicação essencial para esta greve de três dias é "a defesa do SNS" e o respeito pela dignidade da profissão médica, segundo os dois sindicatos que convocaram a paralisação – o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM).

Em termos concretos, os sindicatos querem uma redução do trabalho suplementar de 200 para 150 horas anuais, uma diminuição progressiva até 12 horas semanais de trabalho em urgência e uma diminuição gradual das listas de utentes dos médicos de família até 1.500 utentes, quando atualmente são de cerca de 1.900 doentes.

Entre os motivos da greve estão ainda a revisão das carreiras médicas e respetivas grelhas salariais, o descongelamento da progressão da carreira médica e a criação de um estatuto profissional de desgaste rápido e de risco e penosidade acrescidos, com a diminuição da idade da reforma.