A formação médica, no seu sentido mais amplo, incluindo a pré e a pós-graduação, é o pilar básico de qualquer sistema de saúde que se quer robusto, com médicos preparados para enfrentar os desafios que a Medicina moderna exige, sendo composta por um ciclo de formação pré-graduado nas Escolas Médicas e pós-graduado, que se inicia com o Internato Médico e se prolonga ao longo da vida do médico, através de programas de formação contínua.

É fundamental ter a noção clara que vivemos momentos extremamente desafiantes para a Formação Médica do Futuro. O desenvolvimento tecnológico explosivo, aliado ao emergir de novas áreas, como a inteligência artificial, a saúde digital e a consequente transformação digital, a importância e impacto das alterações climáticas e qualidade do ar, o envolvimento cada vez maior dos médicos na Gestão em Saúde, entre outros temas que irão marcar a formação do Médico do Século XXI, com impacto major na Medicina do Futuro, deverão estar bem presentes no planeamento do futuro da Formação Médica. A Ordem dos Médicos, neste contexto, deve afirmar-se como o garante e a referência para uma formação médica do mais elevado nível, naturalmente respeitando a autonomia institucional das organizações envolvidas na formação médica, como Universidades, Institutos e outras.

A articulação com as Faculdades de Medicina e as Associações de Estudantes deverá ser reforçada, de forma a garantir o necessário e desejável alinhamento de objetivos e conteúdos. A criação da Plataforma para a Formação Médica em 2019, resultou dum acordo entre a Ordem dos Médicos, o Conselho de Escolas Médicas Portuguesas (CEMP) e a Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM). Foi então assinado um memorando de entendimento (na altura firmei esse acordo, enquanto Presidente do CEMP) onde se assumiu uma posição de consenso e convergência para posições que visam defender a qualidade da educação médica e da prestação de cuidados de saúde em Portugal. Esta Plataforma tem como objetivos principais discutir, planear, representar e gerir, de forma sustentável, orientada pela qualidade, excelência e humanismo, a formação dos estudantes de Medicina, Médicos Internos e Profissionais de Saúde especializados e capacitados. É, pois, fundamental dinamizar esta plataforma, tornando-a mais eficaz, respeitada e visível, de forma que possa assumir um papel dinamizador e de referência na Formação Médica em Portugal. Os seguintes objetivos devem ser prosseguidos de forma inequívoca: 1. Defender a qualidade da educação médica e da prestação de cuidados de saúde em Portugal, assegurando que os estudantes de Medicina, os Médicos Internos, os Médicos Especialistas e qualquer profissional Médico adquire a formação necessária para prestarem cuidados de excelência; 2. Colaborar na prossecução de objetivos comuns em matérias transversais à atuação das respetivas entidades nos domínios da Educação Médica, Política Educativa e Políticas de Saúde; 3. Consensualizar, coordenar e representar os estudantes de Medicina, as Escolas Médicas e os Médicos em Portugal nas ações e posições em matérias comuns, junto das diferentes entidades da esfera pública.

A formação médica será, pois, uma das minhas prioridades à frente da Ordem dos Médicos, onde irei fazer uso da minha vasta experiência, com provas dadas, quer à frente duma Faculdade de Medicina, quer como Diretor dum grande Departamento hospitalar ou como dirigente máximo de vários organismos internacionais ligados à formação médica. É fundamental esta experiência para permitir desenhar programas que sejam bem-sucedidos e que permitam reforçar a Formação Médica em Portugal, elemento essencial para qualquer sistema de saúde ser bem-sucedido.