“As aplicações informáticas não podem constituir obstáculos à relação médico-doente, nem podem desviar-se da sua função principal como sistemas de apoio”, mas o que tem acontecido coloca em risco a qualidade dos cuidados de saúde prestados aos doentes, afirma a FNAM em comunicado.

As 10 doenças mortais mais transmitidas pelos mosquitos
As 10 doenças mortais mais transmitidas pelos mosquitos
Ver artigo

A federação dos médicos sublinha que “a implementação dos sistemas de informação no SNS tem-se caracterizado pela total displicência, uma ausência de respeito pelos profissionais, graves atentados à privacidade dos cidadãos e por um nepotismo tutelar que colocam em grave risco a qualidade dos cuidados de saúde prestados aos nossos doentes”.

Desde o início da informatização do Serviço Nacional de Saúde tem sido constante a incapacidade dos sucessivos governos em “informatizar sem perturbar” e vários são os relatos de falhas, tanto nos centros de saúde como nos hospitais, sustenta.

Dezenas de ‘cliques’ por consulta, a minutos de espera e a um desespero total

Um programa para cada tarefa

Diariamente, os médicos têm à sua frente distintos programas informáticos para prestar cuidados a um só doente, refere a FNAM, dando como exemplo o ‘PEM’ para passar receitas ou o ‘SClinic’ para registar informação médica no internamento e consulta. Para registar informação no serviço de urgência, os médicos têm o sistema ‘ALERT/SIRIU’, para registo de saúde eletrónico têm o ‘SER’ e o SGTD para requisitar transporte de doentes, elucidou.

15 doenças que ainda não têm cura
15 doenças que ainda não têm cura
Ver artigo

Os médicos têm “aplicações para consultar análises, aplicações para emitir pedidos de meios complementares de diagnóstico (cada tipo de exame tem a sua aplicação) e assim por diante… O que corresponde a dezenas de ‘cliques’ por consulta, a minutos de espera e a um desespero total”, vinca a Federação Nacional dos Médicos.

A juntar a esta situação, os programas frequentemente “vão abaixo”, bloqueiam ou simplesmente não funcionam, afirma, adiantando que usar papel poderia ser uma opção, mas este “foi ‘proibido’ e assim o médico e o utente ficam completamente reféns do sistema”.

Perante esta situação, a FNAM pede responsabilidades à gestão dos sistemas de informação, os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), “pela sua conduta inconsequente” e pede “a rápida intervenção da Ministra da Saúde e a substituição da atual equipa dos SPMS”.