
“As aplicações informáticas não podem constituir obstáculos à relação médico-doente, nem podem desviar-se da sua função principal como sistemas de apoio”, mas o que tem acontecido coloca em risco a qualidade dos cuidados de saúde prestados aos doentes, afirma a FNAM em comunicado.
A federação dos médicos sublinha que “a implementação dos sistemas de informação no SNS tem-se caracterizado pela total displicência, uma ausência de respeito pelos profissionais, graves atentados à privacidade dos cidadãos e por um nepotismo tutelar que colocam em grave risco a qualidade dos cuidados de saúde prestados aos nossos doentes”.
Desde o início da informatização do Serviço Nacional de Saúde tem sido constante a incapacidade dos sucessivos governos em “informatizar sem perturbar” e vários são os relatos de falhas, tanto nos centros de saúde como nos hospitais, sustenta.
Dezenas de ‘cliques’ por consulta, a minutos de espera e a um desespero total
Um programa para cada tarefa
Diariamente, os médicos têm à sua frente distintos programas informáticos para prestar cuidados a um só doente, refere a FNAM, dando como exemplo o ‘PEM’ para passar receitas ou o ‘SClinic’ para registar informação médica no internamento e consulta. Para registar informação no serviço de urgência, os médicos têm o sistema ‘ALERT/SIRIU’, para registo de saúde eletrónico têm o ‘SER’ e o SGTD para requisitar transporte de doentes, elucidou.
Os médicos têm “aplicações para consultar análises, aplicações para emitir pedidos de meios complementares de diagnóstico (cada tipo de exame tem a sua aplicação) e assim por diante… O que corresponde a dezenas de ‘cliques’ por consulta, a minutos de espera e a um desespero total”, vinca a Federação Nacional dos Médicos.
A juntar a esta situação, os programas frequentemente “vão abaixo”, bloqueiam ou simplesmente não funcionam, afirma, adiantando que usar papel poderia ser uma opção, mas este “foi ‘proibido’ e assim o médico e o utente ficam completamente reféns do sistema”.
Perante esta situação, a FNAM pede responsabilidades à gestão dos sistemas de informação, os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), “pela sua conduta inconsequente” e pede “a rápida intervenção da Ministra da Saúde e a substituição da atual equipa dos SPMS”.
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