Responsáveis das farmácias da Madeira decidiram hoje manter a suspensão da venda a crédito de medicamentos a partir das 00:00 de segunda-feira decidida pela respetiva associação nacional, que acredita que esta situação é “transitória”.
“Infelizmente, e é com bastante tristeza que efetivamente tivemos que tomar a decisão do corte de crédito aos beneficiários da Madeira”, afirmou aos jornalistas Maria da Luz Sequeira, da comissão diretiva da Associação Nacional das Farmácias (ANF), que hoje presidiu a uma reunião, de cerca de duas horas, com representantes das quase 63 farmácias do arquipélago.
Maria da Luz Sequeira explicou, no Funchal, que as farmácias “assim o entenderam”, dado não terem “condições para continuar a fornecer a crédito”, manifestando esperança numa solução a curto prazo: “Temos a convicção e somos otimistas de que isto será uma situação transitória e que a breve trecho iremos ter a resolução do problema”.
No início da semana, a ANF anunciou que iria deixar de garantir a dispensa de medicamentos a crédito a partir do dia 9 por incumprimento do Governo Regional do plano de pagamentos da dívida às farmácias, de 77 milhões de euros.
A ANF espera que o Executivo madeirense retome o plano de pagamentos, mas até isso acontecer, a partir de segunda-feira os beneficiários terão de solicitar diretamente ao Governo Regional “a comparticipação no preço dos medicamentos que até agora era logo descontada pelas farmácias no ato de compra”.
Em dezembro, a ANF tomou igual posição, depois de o Executivo liderado por Alberto João Jardim ter deixado de cumprir o plano, mas recuou na sequência da garantia da sua execução.
O Governo Regional comprometeu-se, então, a regularizar os dois milhões de euros relativos a novembro e, simultaneamente, continuar a assegurar o pagamento mensal mínimo de quatro milhões de euros, o que não sucedeu, motivando esta decisão, que não afeta as pessoas que têm outros subsistemas de saúde.
Questionada se não está preocupada com o facto de haver famílias que terão grande dificuldade em suportar o custo total dos fármacos, Maria da Luz Sequeira respondeu que a situação gerava um sentimento de tristeza mas que "deve ser essa a grande preocupação do Governo Regional”.
“O governo tem de assumir os compromissos para o qual foi eleito e as necessidades das famílias madeirenses é também da sua responsabilidade”, declarou.
“Simplesmente chegou a altura, em função das condições em que o país está, que a banca atravessa, de nós não termos condições para manter o crédito”, reiterou, sublinhando que também não houve da parte do Governo Regional “aquilo que foi o seu compromisso que era o pagamento efetivo”, sustentou.
Afiançando que a ANF não poderia “esperar mais nenhuma semana”, Maria da Luz Sequeira acrescentou que "logo que haja efetivamente por parte do Governo Regional condições para exercer aquilo que se comprometeu" as farmácias assumirão também os seus compromissos.
9 de janeiro de 2012
@Lusa
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