A um ritmo que está a preocupar as autoridades europeias, só no ano passado foram detetadas 101 novas substâncias, quando em 2013 tinham sido notificadas 81. Ao todo, diz o relatório, estão a ser monitorizadas 450 substâncias psicoativas (ou “novas drogas”), mais de metade delas identificadas nos últimos três anos.
Estas novas drogas sintéticas são essencialmente canabinóides (substitutos da ‘cannabis’) e catinonas (estimulante parecido com a anfetamina), e só em 2013 foram notificadas 35 mil apreensões destes produtos psicoativos, embora o relatório diga que o número é uma “estimativa mínima”.
O declínio da heroína, as melhorias no tratamento da hepatite, menos casos de sida, a “elevada prevalência” da canábis e o aumento de drogas sintéticas caracterizam o panorama europeu das drogas.
Ainda assim, Portugal tem baixos índices de consumo e de tráfico de drogas em relação à média da União Europeia.
“Na maior parte dos países da EU, o consumo destas substâncias [sintéticas] parece ter uma prevalência baixa. Mas, apesar do consumo limitado destas substâncias este pode ser preocupante devido à elevada toxicidade que algumas apresentam”, alerta-se no relatório hoje divulgado em Lisboa, sede da agência europeia de informação sobre droga, que produz o relatório anual.
Internet com difusora
Assinalando 20 anos de monitorização, o “Relatório Europeu sobre Drogas 2015: Tendências e evoluções” reflete outras preocupações, como o papel “cada vez mais importante” da internet na oferta e comercialização de drogas aos europeus e a maior potencia e pureza dessas drogas.
Na internet, afirma-se no documento, estão disponíveis para venda tanto as novas drogas psicoativas como as tradicionais. A agência europeia identificou na última década cerca de 650 páginas na internet que vendem “euforizantes legais” aos europeus.
A droga, explica a agência, tanto é vendida na chamada internet de superfície (acessível através de motores de busca comuns) como na “deep web”, o que é mais “preocupante” porque nessa internet criptada, onde tudo se vende e compra, é mais fácil o anonimato e usam-se pagamentos virtuais (‘bitcoin’).
Destacando que também as aplicações informáticas e as redes sociais têm um papel na compra e venda de droga, diz o relatório que “o crescimento dos mercados de droga em linha e virtuais constitui um grande desafio para a aplicação da lei e para as políticas de luta contra a droga”.
Produtos mais fortes
Quanto ao “aumento acentuado” da potência e pureza das drogas ilícitas consumidas na Europa diz a Agência que tal suscita preocupação com a saúde dos consumidores, que mesmo inconscientemente podem estar a usar produtos mais fortes. A inovação técnica e a concorrência do mercado são dois dos fatores que estarão a impulsionar esta tendência, justifica-se no documento.
Depois, acrescenta-se ainda, a Europa está confrontada com um mercado sobrelotado de estimulantes, no qual a cocaína, as anfetaminas, o ‘ecstasy’ e um crescente número de drogas sintéticas têm como alvo grupos de consumidores semelhantes.
A cocaína continua a ser a droga estimulante mais consumida na Europa, ainda que o uso esteja em queda.
No ano passado, cerca de 3,4 milhões de adultos consumiram, enquanto 1,6 milhões consumiram anfetaminas, com um “aumento acentuado” de consumo de alto risco (injetado).
Quanto ao ‘ecstasy’, a agência estima que, no último ano, 2,1 milhões de adultos o tenham consumido
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