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Genoma dos judeus da Europa é um mosaico de populações antigas
17 de janeiro de 2013 - 09h11
Terá sido uma mistura de ascendências de diversas tribos que se converteram ao judaísmo que deu origem aos judeus na Europa? Um estudo norte-americano diz que sim.
O debate em torno da origem desta religião na Europa dura já há dois séculos. Os judeus asquenazes, de origem europeia, representam cerca de 90% dos mais de 13 milhões de judeus que existem em todo o mundo e os mistérios à volta da sua origem alimentam historiadores, religiosos e curiosos.
O estudo, publicado esta quinta-feira na revista britânica Genome Biology and Evolution, comparou o traço genético de 1.287 indivíduos sem vínculo familiar e descendentes de oito grupos de populações judias e 74 não judias. O especialista em genética Eran Elhaik, da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins, em Baltimore, Estados Unidos, procurou mutações no ADN ligadas à origem geográfica dos grupos.
De acordo a sua análise, os judeus do leste europeu descendem dos cazares, uma mistura de clãs turcos que se instalaram no Cáucaso nos primeiros séculos, influenciados pelos judeus da Palestina, que se converteram ao judaísmo já no século VIII.
Os judeus cazares construíram um império próspero, atraindo os judeus da Mesopotâmia e do Império bizantino, dando origem à sua expansão em direção à Hungria e Roménia. O império cazare acabou por fracassar no século XIII, atacado pelos mongóis e debilitado pela peste negra.
Os sobreviventes cazares fugiram mais para o ocidente, instalando-se na atual Polónia e Hungria, onde as suas competências em finanças, economia e política eram apreciadas. Só depois estes judeus se terão espalhado pela Europa central e ocidental.
"Nós concluímos que o genoma dos judeus da Europa é um mosaico de populações antigas, incluindo os cazares, os judeus greco-romanos, os judeus da Mesopotâmia e da Palestina", explicou Eran Elhaik.
"A estrutura da população formou-se no Cáucaso nas margens do Volga ", frisou.
Segundo Elhaik, a história escrita nos genes sustenta-se também em descobertas arqueológicas, na literatura judaica que descreve a conversação dos cazares ao judaísmo, assim como na evolução da língua.
Outra teoria
De acordo com a teoria “renana”, os judeus asquenazes radicaram-se no sul da Europa – fugidos da conquista muçulmana na Palestina em 638 d.C. - para depois, no final da Idade Média, se estenderem da Renânia, na Alemanha, para a Europa de Leste.
Alguns estudiosos consideram esta hipótese inverosímil do ponto de vista demográfico, já que a teoria pressupõe o crescimento do número de judeus da Europa oriental de 50.000 indivíduos no século XV para 8 milhões no século XX, taxa de natalidade dez vezes superior à da população local não judia. Os teóricos recordam ainda as dificuldades económicas, doenças, guerras e os ataques violentos contra judeus – os chamados pogroms - que arruinaram estas comunidades durante vários séculos.
SAPO Saúde com AFP
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