A investigação levada a cabo por Daniel Morgan, da Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, baseou-se em 2.252 artigos científicos, identificados através das palavras-chave “desapropriado”, “desnecessário”, “uso excessivo” e “tratamento excessivo” (traduções do inglês).

Os investigadores encontraram 1.224 artigos que abordavam a intervenção médica excessiva, em que os cuidados prestados apresentam mais malefícios do que benefícios. Os resultados não significam que estes exames e procedimentos devem ser, de todo, evitados, mas sim ajudar a comunidade médica a doseá-los apropriadamente:

Os 10 procedimentos em causa:

Ecocardiografia transesofágica: imagiologia ao coração com ultrassom, em vez de eletrocardiograma, e em que é inserido um tubo no esófago. O estudo sugere que o risco da sedação não é superior aos detalhes fornecidos pelo exame.

Angiografia pulmonar por tomografia computadorizada: esta técnica de imagiologia aplicada nas artérias pulmonares em pacientes com sintomas respiratórios não é invasiva, mas produz radiação. O exame leva tempo e pode aumentar o risco de complicações.

Tomografia computadorizada em pacientes com sintomas respiratórios: se for em sintomas que não põem a vida em risco, este tipo de exame pouco faz para melhorar os resultados do paciente e além disso aumenta o risco de dar falsos positivos.

Ultrassonografia e colocação de “stent” na artéria carótida: 90% dos exames foram efetuados em pacientes assintomáticos e resultaram na implantação desapropriada de um “stent” para alargar as artérias. Aplicar um “stent” requer cirurgia e por isso acarreta riscos.

Gestão agressiva do cancro da próstata: este cancro é de tratamento fácil se detetado numa fase procece. A monitorização ativa da doença produziu melhor qualidade de vida do que a radioterapia ou cirurgia.

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Oxigénio suplementar em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crónica: este procedimento não demonstrou melhoria na qualidade de vida ou da função pulmonar. Pode pelo contrário fazer com que os pacientes retenham dióxido de carbono, que é maléfico.

Cirurgia em lesões na cartilagem do menisco: não provou melhorar os sintomas mecânicos a longo prazo. A gestão da preservação e reabilitação do menisco demonstraram maior eficácia.

Suporte nutricional em pacientes no internamento hospitalar: a intervenção em pacientes em estado crítico não produziu diferenças nós nos índices de mortalidade nem na duração da estadia hospitalar.

Uso de antibióticos: um estudo estimou que tinham sido passadas 506 prescrições por cada 1.000 pacientes em 2010-11; apenas 353 foram consideradas apropriadas.

Uso de imagiologia cardíaca em pacientes de baixo risco: triplicou em 10 anos nos pacientes com dor no peito e não fez qualquer diferença nos pacientes de baixo risco, podendo ainda conduzir a internamento e intervenções hospitalares desnecessárias.