A investigação liderada pela Universidade de Boston e publicada esta quarta-feira pelo jornal "Critical Care Explorations" teve como objetivo descrever a prevalência, os fatores de risco associados e o resultado de manifestações neurológicas graves em pacientes hospitalizados com coronavírus.
O SARS-CoV-2 demonstrou causar disfunção de múltiplos sistemas de órgãos, incluindo o sistema nervoso, e os sintomas neurológicos ocorrem "frequentemente" mesmo em pacientes com sintoma leve, e em algumas pessoas podem continuar como parte da covid-19 persistente.
A equipa estudou 16.225 pacientes de 179 hospitais em 24 países e descobriu que quase 13% dos internados no primeiro ano da pandemia desenvolveram manifestações neurológicas graves.
Os dados indicam que 1.656 (10,2%) apresentavam encefalopatia (qualquer doença difusa do cérebro que altera a função ou estrutura cerebral) no momento do internamento; 331 (2%) tiveram AVC; 243 (1,5%) relataram convulsões e 73 (0,5%) relataram meningite ou encefalite na internação ou durante a hospitalização.
"As nossas descobertas mostram que a encefalopatia na internação hospitalar está presente em pelo menos um em cada dez pacientes com infeção por SARS-CoV-2, enquanto AVCs, convulsões e meningite/encefalite foram muito menos comuns", explicou uma das autoras do estudo, Anna Cervantes-Arslanian, da Universidade de Boston.
Todas as manifestações neurológicas graves foram associadas a uma maior gravidade da doença, maior necessidade de intervenções na UTI, maior tempo de internação, uso de ventiladores e maior mortalidade.
Pacientes com manifestações neurológicas tinham mais probabilidades de ter comorbidades médicas, especialmente história de acidente vascular cerebral ou distúrbios neurológicos, aumentando as hipóteses de desenvolver uma manifestação neurológica.
Anna Cervantes disse que, dada a associação de manifestações neurológicas com resultados mais fracos, "são necessários de maneira urgente" mais estudos para entender por que essas diferenças ocorrem e como intervir.
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