“Estamos a ficar sem tempo, os ponteiros do relógio não param”, alertou Tereza Kasaeva, diretora do Programa Global contra a Tuberculose da OMS, na sessão de apresentação do novo Relatório Global da Tuberculose.
“As metas estão crescentemente fora do nosso alcance”, alertou.
O mundo ficou a “um quarto do caminho” da meta global de diminuir o número de mortes por tuberculose em 35% até 2020 e “a meio do caminho” para diminuir os doentes em 20% até 2020.
Solidariedade, determinação e utilização equilibrada de recursos e oportunidades são os condimentos para inverter a tendência, enumerou Tereza Kasaeva, lembrando que são os mesmos usados para a resposta à pandemia de covid-19.
“Temos a oportunidade de salvar a vida de milhões de pessoas”, vincou, acreditando que é possível “pôr fim à propagação” da doença.
A tuberculose é grave, mas curável, transmitindo-se principalmente por via aérea, através da inalação de gotículas expelidas pela pessoa doente quando tosse, fala ou espirra.
Na mesma sessão de apresentação do relatório, Osamu Kunii, da organização financeira internacional The Global Fund, defendeu que o combate à tuberculose precisa da rapidez verificada na resposta à covid-19, nomeadamente de “vacinas mais eficazes” e de “escalar rapidamente a testagem”.
Realçando a rápida evolução da inovação e da tecnologia para responder à covid-19, questionou: “Por que não contra a tuberculose?”
Lamentando o “subfinanciamento” atual, o responsável frisou que “o combate à tuberculose é muito útil para a resposta a futuras pandemias”.
Tenzin Kunor, sobrevivente de tuberculose e representante da sociedade civil na OMS, recordou que a tuberculose “é uma crise de saúde pública e global”, que, à semelhança da covid-19, “também revela desigualdades” no acesso a medicamentos e tratamentos.
As mortes por tuberculose aumentaram “pela primeira vez em mais de uma década”, na sequência da resposta global contra a covid-19, que “fez retroceder anos de progressos”, constata a OMS, no novo relatório.
“Aproximadamente 1,5 milhões de pessoas morreram de tuberculose” no ano passado, “incluindo 214 mil pessoas seropositivas”, um dos grupos de maior risco, conclui a OMS, receando que o número de infetados e mortos com tuberculose “possa ser muito mais elevado em 2021 e 2022”.
O “impacto mais óbvio” das “interrupções causadas pela pandemia de covid-19” é “uma grande descida global no número de novos diagnósticos e de notificações” de tuberculose em 2020 (5,8 milhões), comparando com 2019 (7,1 milhões).
Após “grandes aumentos entre 2017 e 2019, registou-se uma queda de 18% entre 2019 e 2020, de 7,1 milhões para 5,8 milhões”, assinala a OMS.
Já no relatório divulgado há um ano, a OMS alertava que a interrupção dos cuidados de saúde para dar prioridade à pandemia estava a pôr em risco o combate à tuberculose, que em 2019 matou cerca de 1,4 milhões de pessoas.
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