O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, apresentou as medidas depois de uma reunião do Conselho de Ministros, no quadro do estado de alerta decretado durante quinze dias no país, o segundo mais afetado na Europa pela epidemia, com mais de 5.700 casos.
O chefe do Governo espanhol assegurou que as medidas para enfrentar o novo coronavírus “são drásticas e terão consequências”, garantindo que ao executivo não irá “tremer a mão na luta contra o vírus”.
"A proibição de circular nas ruas (...) é obrigatória a partir de hoje", disse Pedro Sánchez Sanchez, acrescentando que os espanhóis poderão sair de casa para "trabalhar", "comprar pão", ir à farmácia ou aos centros de saúde, mas "não para ir jantar em casa de um amigo".
O primeiro-ministro socialista também afirmou que todos os estabelecimentos comerciais que não vendessem de produtos de primeira necessidade estariam fechados em todo o país - isto inclui restaurantes, bares, hotéis, escolas e universidades -, uma medida que já tinha sido tomada em várias regiões, como Madrid, a comunidade autónoma mais afetada pela pandemia, com quase 3.000 casos.
A Espanha segue o exemplo da Itália que já implementou restrições semelhantes à circulação de pessoas, depois de não ter conseguido conter a pandemia.
"A partir de agora entramos numa nova fase", afirmou Sánchez: "Não hesitaremos em fazer o que temos de fazer para vencer o vírus. Estamos a pôr a saúde [das pessoas] em primeiro lugar”, disse.
O chefe do Governo espanhol sublinhou que todas as forças policiais do país, incluindo as que são da responsabilidade das autoridades regionais, passam a estar debaixo das ordens do ministro do Interior (Administração Interna) e que as Forças Armadas estão prontas para intervir em caso de necessidade.
"A qualquer momento, quando for necessário, podemos contar com o destacamento das Forças Armadas. O exército está pronto", disse Pedro Sánchez.
O estado de alerta também dá ao governo o poder de assumir o controlo de hospitais privados para reforçar o serviço público de saúde que está a ser sujeito a uma enorme pressão em Madrid e noutras regiões.
A pressão sobre o sistema sanitário de Madrid levou as autoridades regionais a desenharem um plano para converter hotéis em enfermarias temporárias para cuidar os doentes menos graves e assim libertar espaços em áreas sobrecarregadas dos hospitais públicos.
De acordo com a atualização feita pelas autoridades sanitárias, há 5.753 de pessoas infetadas pelo novo coronavírus, metade dos quais em Madrid, desde que o primeiro caso foi detetado no final de janeiro, o que representa mais 1.500 pessoas nas últimas 24 horas.
Sánchez indicou esta sexta-feira que o número de pessoas infetadas pelo Covid-19 podia chegar a 10.000 nos próximos dias.
"Vamos ganhar esta batalha. O importante é que o preço a pagar seja o mais baixo possível, as vidas que podemos salvar, as infeções e os dias de doença que podemos evitar", disse Pedro Sánchez.
A oposição e alguns Governos regionais têm criticado o executivo central pela lentidão na tomada de decisões, principalmente em Madrid e na Catalunha, regiões que, a par do País Basco, são as mais atingidas pelo surto do coronavírus.
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