“Nós somos os licenciados no âmbito da prestação pública que não têm essa equiparação aos salários da carreira técnica superior. Uma coisa tão simples de resolver, mas que não está resolvida desde há muito tempo”, lamentou Paulo Anacleto, coordenador da direção regional de Coimbra do SEP.
Numa conferência de imprensa que decorreu ao início da manhã em frente ao Hospital dos Covões, em Coimbra, o responsável destacou que entre as reivindicações está a correta contagem de pontos para efeitos de progressão na carreira.
“Nós temos milhares e milhares de enfermeiros a quem ainda não foram contabilizados os pontos relativos ao tempo e são muitos anos de exercício profissional, nomeadamente aqueles que estiveram em contrato a termo certo. Ao fim e ao cabo, há vínculo precário e, portanto, as instituições não estão a contabilizar”, sustentou.
Paulo Anacleto aludiu também ao facto de “não estar a ser reconhecida a valorização dos enfermeiros especialistas” em termos salariais.
“As instituições veem-se confrontadas com uma situação brutal, de uma grande carência de enfermeiros e, portanto, nós estamos permanentemente em mínimos. Não há incentivos absolutamente nenhuns para esta profissão e, por isso, emigram ou mudam de profissão”, referiu.
No seu entender, estes são alguns dos problemas que o atual e anteriores elencos do Ministério da Saúde “não resolveram e, pelos vistos, não querem resolver”.
O coordenador do SEP de Coimbra afirmou ainda ser “uma autêntica falácia” o ministro da Saúde dizer que chegou a acordo com os enfermeiros, em novembro do ano passado, em relação à atualização de vencimentos.
“O Sindicato Enfermeiros Portugueses já ganhou um processo em tribunal relativamente àquilo que são os retroativos devidos, aquando do descongelamento das progressões a janeiro 2018. Houve um diploma em novembro [de 2022], mas com o sindicato não houve acordo no que diz respeito à questão do pagamento dos retroativos”, explicou.
Aos jornalistas, o dirigente insistiu na crítica ao facto de o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, “dizer que no diploma está vertido o pagamento dos retroativos a janeiro de 2022”, quando o SEP já ganhou processos com retroativos a janeiro de 2018.
“O senhor ministro não deve andar neste país. É uma falácia total”, concluiu.
Os enfermeiros agendaram para hoje, Dia Internacional do Enfermeiro, uma greve entre as 08:00 e as 24:00.
Depois de participarem numa concentração em frente ao Hospital dos Covões, enfermeiros de Coimbra seguiram para Lisboa, onde está prevista uma concentração junto ao Ministério da Saúde, a partir das 11:00.
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