Mais de quarenta enfermeiros de vários centros de saúde do distrito de Lisboa correm o risco de serem despedidos até ao final deste mês devido aos "cortes cegos" na Saúde, denunciou hoje o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses.
Rui Marroni, dirigente da direção regional de Lisboa do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, disse à agência Lusa que estão ameaçados de despedimento 10 enfermeiros no Agrupamento de Centros de Saúde Oeste Norte, outros 12 em Vila Franca de Xira e mais 22 no Agrupamento de Centros de Saúde de Odivelas/Pontinha.
Em setembro, 20 enfermeiros já foram despedidos dos centros de saúde da cidade de Lisboa.
De acordo com o sindicato, "os cortes cegos impostos pelo Governo estão a obrigar as instituições de saúde do Serviço Nacional de Saúde a despedir enfermeiros e outros profissionais".
Contactado pela Lusa, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) esclareceu por escrito que não se trata de despedimentos, mas da não renovação de contratos, adiantando que "se constatou que poderiam ser reduzidas horas de serviço de enfermagem contratadas a pessoal com contrato a termo".
Outra centena de enfermeiros corre também o risco de despedimento, caso nao sejam integrados em concurso para o quadro de pessoal de centros de saúde e hospitais e que o seu contrato de trabalho termine.
A confirmarem-se os despedimentos, o sindicato alertou que "vão diminuir drasticamente" os cuidados domiciliários, os cuidados nas salas de tratamentos e dos programas de vacinação, assim como as consultas de enfermagem de saúde materna e infantil, de diabetes e de hipertensão.
Por outro lado, os despedimentos "vão obrigar ao encerramento de diversas extensões de centros de saúde, comprometendo mais a prestação de cuidados de saúde do Serviço Nacional de Saúde".
Em resposta a ARSLVT adiantou que "os serviços de saúde vão manter a qualidade da assistência às populações", recusando falar de redução ou de encerramento de serviços, apesar de admitir que existe uma maior "optimização dos recursos humanos existentes face à atual situação financeira do país".
Em protesto, os enfermeiros montaram hoje um hospital de campanha em Vila Franca de Xira para demonstrar que estes profissionais são necessários e que sem eles as populações "ficarão mais carenciadas de cuidados de saúde".
Ao mesmo tempo, sensibilizam a população para a necessidade de manter estilos de vida saudáveis e de controlar questões como a hipertensão arterial e a diabetes.
27 de outubro de 2011
Fonte: Lusa
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