Este sábado, o presidente russo Vladimir Putin celebrou em Moscovo o 75º aniversário da vitória sobre a Alemanha nazi na Segunda Guerra Mundial e homenageou as vítimas e os veteranos. A sua imagem solitária, depositando rosas no túmulo do soldado desconhecido, reflete perfeitamente a crise que afeta o planeta.

"Sabemos e acreditamos firmemente que somos invencíveis quando estamos unidos", afirmou Putin em um breve discurso.

A Rússia regista pouco mais de 10.000 novos contágios por dia e aumentou as medidas de prevenção. O país tem agora 198.676 casos detectados e 1.827 mortes.

Em outros países, a asfixia económica obriga a pensar num regresso progressivo, mas extremamente cauteloso, à normalidade.

Na China, onde a pandemia surgiu em dezembro, o governo autorizou, com várias condições, a reabertura de centros comerciais, restaurantes, cinemas, instalações desportivas, locais turísticos e bibliotecas.

Na Europa, o continente mais afetado pela doença, com mais 154.000 mortos, países como Alemanha, Itália, Espanha e França começam a sair do confinamento, com muitas perguntas e medos.

A Comissão Europeia pediu na sexta-feira aos 27 países membros da UE que não permitam as entradas no seu território até 15 de junho.

Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) defendeu uma grande prudência porque existe um elevado risco de uma segunda onda de contágios, caso as regras de higiene e distanciamento social não sejam respeitadas.

Vírus "à espreita"

Em Espanha, com exceção de Madrid e Barcelona, as zonas mais afetadas, os cidadãos poderão reunir-se a partir de segunda-feira em grupos de até 10 pessoas, permanecer em terraços com capacidade limitada ou visitar lojas sem a necessidade de agendamento.

O governo também permitirá enterros e velórios.

"Agora, a disciplina social é mais necessária do que nunca", advertiu o ministro da Saúde, Salvador Illa.

Este sábado, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, pediu aos cidadãos "prudência" porque o novo coronavírus está "à espreita".

Espanha, com mais de 26.000 mortes provocadas pelo coronavírus, prevê um plano de desconfinamento por fases até ao fim de junho. O balanço diário de mortes está em queda e este sábado foram registados 179 óbitos.

Na Alemanha, onde a flexibilização do confinamento já começou, o campeonato de futebol (Bundesliga) vai recomeçar e há uma pressão crescente para que o país reabra as fronteiras, pelo menos com a França, onde o progressiva regresso à normalidade começará na próxima semana.

O país abrirá parcialmente as escolas na segunda-feira, um quebra-cabeça para as autoridades educacionais e que provoca inquietação nas famílias.

No Reino Unido, o primeiro-ministro Boris Johnson discursará aos cidadãos no domingo e pode anunciar uma leve flexibilização do confinamento, mas não são aguardados grandes anúncios no país, que regista mais de 31.000 mortes, o  balanço mais trágico da Europa e o segundo mais grave do mundo, depois dos Estados Unidos.

"Seremos muito, muito prudentes quando começarmos a suspender as restrições, porque os dados que temos a cada dia mostram que não estamos livres", afirmou o ministro do Meio Ambiente, George Eustice.

Vários tratamentos em teste

Este sábado, Dia da Europa, os 27 chefes de Estado e de Governo da UE apelaram à solidariedade para que o bloco saia mais forte da crise do coronavírus, apesar das dificuldades para formular uma resposta comum à calamidade.

"O nosso objetivo é que a Europa saia mais forte da pandemia e da crise da COVID-19", pediu num vídeo conjunto a chanceler alemã Angela Merkel.

Nos Estados Unidos, país mais afetado do mundo pela COVID-19, foram registadas 1.635 mortes na sexta-feira, o que elevou o balanço a 77.000 vítimas fatais, mas vários estados começaram a flexibilizar o seu confinamento.

Na sexta-feira, o país publicou um índice de desemprego de 14,7% em abril, dado que não era registado há quase um século.

Mais de quatro meses depois do surgimento do novo coronavírus, nenhum tratamento demonstrou eficácia até ao momento, mas começam a aparecer alguns dados positivos entre os mais de 800 testes clínicos em curso em países como China, Estados Unidos ou França.

Vários fármacos estão a ser testados, como o remdesivir, um antiviral experimental contra o ebola que consegue bloquear a replicação de outros vírus, incluindo o RNA, que inclui os coronavírus. A eficácia contra a COVID-19, no entanto, ainda precisa ser demonstrada.

Os primeiros passos nos tratamentos do coronavírus
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Também estão a ser organizados testes com a hidroxicloroquina, um derivado da cloroquina, que atua, entre outros, contra o Sars-CoV-2 (nome científico do coronavírus), assim como os tratamentos usados em pacientes da SIDA. Alguns cientistas também estão a avaliar a eficácia das transfusões de plasma sanguíneo de pacientes curados.

Na China, o vice-ministro da Saúde, Li Bin, admitiu este sábado que a luta "contra a COVID-19 tem sido um grande teste" para o sistema de saúde do país e revelou "lacunas nos seus sistemas e mecanismos de prevenção e de controle de grandes epidemias e no seu sistema de saúde pública".

Na América Latina, o Brasil é o país mais afetado pela pandemia com quase 150.000 casos e se aproxima das 10.000 mortes. Na sexta-feira foram registadas 751 vítimas fatais por coronavírus, o maior número em 24 horas.

Os dados são questionados por alguns cientistas, que temem um balanço real de casos até 15 vezes superior ao oficial, pela incapacidade do país de realizar testes generalizados.

Enquanto o mundo concentra-se na batalha contra a COVID-19, o desmatamento na Amazónia brasileira aumenta e pode quebrar o triste registo do ano passado. Nos quatro primeiros meses de 2020 o país registou o desmatamento de 1.202 km2 de floresta, o dobro da superfície de uma cidade como Santiago do Chile, segundo dados oficiais. O número é 55% superior ao registado no mesmo período de 2019.

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) prevê que a pandemia terá repercussões devastadoras no mercado de trabalho da América Latina e afetará os mais pobres, aumentando a desigualdade na região.

O estudo, realizado em coordenação com Universidade de Cornell nos Estados Unidos em 17 países entre 27 de março e 30 de abril, apresenta dados preocupantes de desemprego, encerramento de negócios familiares, interrupção do envio de remessas familiares do exterior ou desnutrição infantil.

Os mais pobres perdem os empregos porque "trabalhar de casa é um luxo que muitos lares de baixa renda não podem se permitir", afirma o relatório do BID.