Questionado pela Lusa sobre a falta de médicos oncologistas há um mês, o Centro Hospitalar do Oeste (CHO) respondeu que, até à contratação de médicos especialistas, “não é possível receber novos doentes nem iniciar novas terapêuticas”, motivo pelo qual “os novos casos de doentes oncológicos e os doentes a necessitar de iniciar novos tratamentos estão a ser recebidos no IPO”.

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O centro hospitalar esclareceu que “está a desenvolver procedimentos para a contratação de médicos com a especialidade de Oncologia Médica”, “existem contactos com três médicas oncologistas” para exercerem funções a tempo parcial e prevê que possam entrar ao serviço em março.

Segundo a instituição, na unidade de Torres Vedras a especialidade de Oncologia Médica funcionou até finais de dezembro de 2017, altura em que a única especialista “mudou de instituição a que estava vinculada no início de janeiro e deixou de ter possibilidade de prestar serviços no CHO”.

Contudo, garantiu, os utentes continuam a contar com o apoio de um médico especialista em Medicina Interna e a ser “acompanhados” no Hospital de Dia de Torres Vedras, onde “foram implementadas soluções” para que os atuais utentes fossem seguidos e continuassem com os tratamentos adequados”.

A unidade realizou 1767 consultas de Oncologia Médica e 2080 sessões em 2017 e, já este ano, 39 consultas e 58 sessões, até 21 de janeiro.

Não há médicos oncologistas na unidade

Vários utentes da unidade de Torres Vedras do CHO ou respetivos familiares queixaram-se hoje à Lusa que a unidade de Torres Vedras do Centro Hospitalar do Oeste está sem médicos oncologistas, motivo pelo qual há utentes à espera de consulta há cerca de mês.

Alertaram que os especialistas fazem falta, uma vez que todos os utentes têm de efetuar exames com regularidade e precisam de os mostrar a um especialista para saberem se a doença evoluiu ou regrediu.

Em maio de 2017, a Autoridade Nacional do Medicamento - Infarmed suspendeu a preparação dos tratamentos no hospital de Torres Vedras, por não estarem “garantidos os requisitos técnicos”.

Face ao problema, a medicação para os doentes oncológicos dos hospitais de Torres Vedras e de Caldas da Rainha está, desde essa altura, a ser preparada no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

Os utentes temem que o serviço encerre e que sejam reencaminhados para os hospitais em Lisboa, para efetuar os tratamentos, como é o caso da quimioterapia, o que implicaria “um grande desgaste físico”.

O Centro Hospitalar do Oeste integra os hospitais de Torres Vedras, Caldas da Rainha e de Peniche e serve cerca de 300 mil habitantes daqueles três concelhos, Óbidos, Bombarral, Cadaval e Lourinhã e de parte dos concelhos de Alcobaça (freguesias de Alfeizerão, Benedita e São Martinho do Porto) e de Mafra (com exceção das freguesias de Malveira, Milharado, Santo Estevão das Galés e Venda do Pinheiro).