O número de transplantes de órgãos em Portugal está a baixar, tendo diminuído 17% nos primeiros cinco meses deste ano, avisa a Sociedade Portuguesa de Transplantação.
Na véspera do Dia da Transplantação, que se assinala na sexta-feira, o presidente da Sociedade, Fernando Macário, sublinha que tem havido uma “diminuição bastante acentuada” de órgãos disponíveis para transplante.
De janeiro a maio deste ano, comprando com o mesmo período de 2011, registaram-se menos 25% de transplantes renais e uma redução de 7,7% no caso do fígado.
A diminuição de dadores por acidentes de viação e por AVC (acidente vascular cerebral) são algumas das causas apontadas, tal como acontece noutros países.
“São motivos positivos, o que não é tão positivo é se não aproveitarmos na totalidade aqueles órgãos que existem. Se a nossa eficácia de colheita não for a de noutras alturas”, comenta, em declarações à agência Lusa o presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação.
Fernando Macário apela aos serviços hospitalares para que não se desperdicem potenciais dadores: “Todos os hospitais em que existe potencialidade de haver doentes em morte cerebral têm que ser potenciais hospitais onde se faça a colheita. E existem alguns onde isso não acontece”.
A colheita de órgãos em doentes com coração parado pode ser outra das soluções para contrariar a tendência de redução, mas esta prática ainda não é possível em Portugal, por problemas de organização e de definição de morte nestes doentes.
A Sociedade de Transplantação lembra que o transplante de órgãos foi considerado um dos grandes casos de sucesso do Serviço Nacional de Saúde: depois de uma década de estagnação, em três anos, o número de dadores por milhão de habitantes teve um crescimento de 64%, de 20 para 31 em 2009.
Este aumento permitiu, em 2009, realizar 595 transplantes renais, que ajudaram a diminuir as listas de espera ao longo de dois anos. Mas, a partir de 2010 começou a registar-se um decréscimo, que continua a acentuar-se em 2012.
19 de julho de 2012
@Lusa
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