4 de dezembro de 2013 - 10h30
O vice-presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima, negou hoje que as escolas públicas estejam a excluir alunos por os pais terem VIH/sida, como revela um estudo sobre estigma e discriminação.
O estudo Stigma Index Portugal, realizado no âmbito do 30º aniversário do primeiro caso de VIH identificado no país e apresentado terça-feira em Lisboa, revela que dois alunos foram excluídos de estabelecimentos de ensino, no ano passado, por um dos pais ser portador de VIH e outros 16 por serem eles próprios portadores do vírus.
Em declarações à agência Lusa, o vice-presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) reconheceu que o estudo “é muito importante”, mas disse "ter a certeza" que as escolas públicas portuguesas não estão a recusar alunos com VIH/sida ou filhos de pais com esta doença.
“Não sei se o estudo foi feito nas escolas públicas e privadas. Nas escolas públicas, tenho a certeza de que não recusam alunos com esta doença. É preciso perceber em que contexto, em que escolas e que pessoas é que responderam a este questionário. Tenho dúvidas que isto abarque escolas públicas, porque não podem recusar qualquer aluno”, sublinhou.
De acordo com os dados do estudo, publicado hoje na imprensa, entre os 221 inquiridos que frequentam estabelecimentos de ensino, apenas 17% confessaram aos professores serem portadores da infeção.
O Correio da Manhã escreve que o ministério da Educação confirmou a existência de casos de exclusão de doentes de VIH/sida.
À agência Lusa, o vice-presidente da ANDAEP disse não ter conhecimento de qualquer exclusão de alunos.
“Temos de saber se é verdade e, a ser verdade, saber em que escolas isto se passa, em que contexto, os motivos. Isto carece ser explicado o quanto antes”, disse.
Filinto Lima reconhece, no entanto, que devia haver uma maior sensibilização nas escolas para ultrapassar o“mito” do VIH/sida.
“Seria importante nas escolas públicas e nas privadas existir uma maior sensibilização junto dos alunos, dos funcionários, dos professores e dos pais para que o estigma não subsista 30 anos depois do primeiro caso em Portugal”, disse, defendendo uma parceria entre os ministérios da Saúde e da Educação.
O ‘Stigma Index Portugal’, que analisa pela primeira vez o estigma que existe no país relativamente às pessoas infetadas com VIH, inquiriu 1.474 pessoas com VIH de vários grupos vulneráveis.
Questionados sobre os tipos de exclusão que sofreram, 24,7% dos inquiridos disseram ter sido afastados de “atividades com familiares”, 23,3% de “atividades religiosas ou dos lugares de culto” e 20,1% de “encontros ou atividades sociais”.
O estudo indica que foi negado a 22,9% dos inquiridos a prestação de cuidados de saúde, como tratamento dos dentes, enquanto a 14,4% mudaram-lhe as tarefas no trabalho.
Lusa
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