Em declarações à agência Lusa, o coordenador da equipa de enfermagem, Miguel Vaz, referiu que "o centro de enfermagem deixou de funcionar, na terça-feira à noite, depois de terem falhado várias tentativas de entendimento com a direção da associação humanitária quanto aos custos daquele serviço".

Já o presidente da direção, Pedro Saraiva, explicou que a "exigência financeira feita pelos enfermeiros punha em causa a estabilidade do corpo de bombeiros que integra 47 assalariados, garantido que "num curto espaço de tempo o centro de enfermagem vai reabrir, com outros profissionais".

Miguel Vaz adiantou que o orçamento mensal proposto pela direção é de 2.000 mil euros para garantir o funcionamento do centro, composto por 11 profissionais, que funciona 24 horas por dia, 365 dias por ano e que garante uma ambulância do INEM". "Estamos a falar de 1.113 horas de trabalho por mês. Com aquele orçamento os enfermeiros não chegam a ganhar dois euros por hora", explicou.

Contactado pela Lusa, o presidente da direção daquela corporação, Pedro Saraiva, explicou que "o montante proposto diz respeito apenas ao auxílio prestado pelos enfermeiros a uma das 4 a 5 ambulâncias do INEM existentes naquela corporação e não ao funcionamento do centro de enfermagem".

Pedro Saraiva destacou que a direção, com o apoio do comando da corporação, "não inviabilizou o centro de enfermagem, apenas não cedeu a uma exigência financeira incomportável". "É disso que se trata, única e exclusivamente. O que nos foi exigido foi o dobro da quantia que propusemos", sustentou o responsável da corporação fundada há 130 anos.

Pedro Saraiva especificou que "a receita gerada pelo centro de enfermagem era, exclusivamente, para os enfermeiros, ficando a corporação com os encargos das despesas de funcionamento do espaço". O enfermeiro responsável pelo funcionamento daquele centro adiantou que "há vários meses que vem tentando chegar a uma plataforma de entendimento com a direção da associação humanitária dos bombeiros de Ponte de Lima, mas sem sucesso".

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"Só no último mês reunimos mais de seis vezes com a direção. Apresentámos mais de cinco propostas alternativas e nenhuma foi aceite. Parece não haver vontade de viabilizar coisa nenhuma", referiu, adiantando que aquele centro atendia, até à última terça-feira, às 21:00, altura em que foi encerrado, "mais de 300 pessoas por mês".

Enfermeiro há 10 anos, nove dos quais a trabalhar naquele centro, Miguel Vaz referiu que "seja a população a principal prejudicada".

"Mais do que uma situação financeira o que mais nos preocupar é que a população do concelho deixa de poder recorrer a esta resposta social", lamentou o enfermeiro de 31 anos.

Pedro Saraiva assegurou que "a população do concelho pode estar tranquila".

"A missão dos bombeiros é garantir o socorro de pessoas e bens e essa missão não está em causa e será assegurada por um corpo de bombeiros altamente qualificado", frisou.